Oposição denuncia gastos de R$ 622 mil com alimentação na Granja. Governo rebate e chama de “demagogia barata”
Volta e meia a Granja Santana, residência oficial do governador, vira alvo de polêmica. Uns exigem que o espaço seja transformado em um equipamento comunitário, outros questionam os custos da manutenção de toda a estrutura física e de pessoal para o contribuinte. Dessa vez quem levantou a discussão foi o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB). Opositor do governo, o tucano usou relatório de auditoria do Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB) para denunciar gastos com comida e funcionárias na Granja. Segundo ele, o documento aponta gastos de R$ 622.027,86 só com alimentação durante o ano de 2020. Entre os itens, 3.269kg de carne bovina, 733 kg de carne suína, 135 kg de carne de cordeiro e 3.260 kg de carne de frango. A lista inclui ainda 355 kg de filé de peixe, 853 kg de peixe e 376 kg de camarão, 886 kg de queijo, mais 884 kg de aves e mais 620 kg de polpa de frutas.
De acordo com Pedro Cunha Lima, o relatório do TCE-PB traz ainda que “a quantidade de carne bovina, suína, de cordeiro e de frango é suficiente para alimentar cerca de 123 pessoas diariamente na residência oficial”. Na Granja, trabalham 99 profissionais entre chefs de cozinha, motoristas, cozinheiras, auxiliar de cozinha, agente operacional, agente administrativo, auxiliar de serviços gerais, lavadeira, garçons e militares. “Isso é um absurdo e escancara nossa desigualdade social. Enquanto algumas pessoas não têm o básico para comer, o governador da Paraíba mantém luxos com o dinheiro do povo. O mais revoltante de tudo é que isso continuou durante a pandemia do coronavírus, sem qualquer autocrítica ou redução nos gastos. É um desaforo e desrespeito com a população”, disse o parlamentar.
Os gastos com feira na Granja Santana também foram questionados no fim da gestão de Ricardo Coutinho (PSB), quando as despesas chegaram a R$ 1,3 milhão em 13 meses. Isso é duas vezes mais o valor registrado no governo João Azevêdo em 2020, ou seja, em comparação com 2018, em pouco mais de dois anos, as despesas caíram pela metade. A queda, no entanto, não reduz o espanto com o total do desembolso necessário para bancar o lugar. Questionado sobre a denúncia de Pedro, o governador foi firme na resposta e criticou a postura da oposição:
“Talvez Campina Grande merecesse uma representação política mais à altura da prórpia cidade. A oposição que é feita na Paraíba não tem nenhum compromisso com a verdade, se baseia no interesse pessoal de se autopromover. Se faz acusações absurdas! Engraçado que esse deputado que citou isso, o pai passou lá, o avô passou lá… Eu não entendo bem essa questão. Eu quero dizer, e que é preciso desmistificar, é que a Granja do Governador é um ambiente de trabalho, é o gabinete do governador que fica lá, e durante a pandemia foi e continua sendo um espaço de trabalho e que não é só o governador e a esposa dele que está (sic) naquele espaço, tem toda uma estrutura que funciona e que, independente do local em que esteja o governador, essa estrutura estará junto. Então é hipocrisia, é demagogica barata se tentar dizer que se tem um gasto de 500 mil na Granja por ano e isso é um absurdo. Não, isso não é um absurdo. Isso, evidentemente, faz parte, como eu disse, da falta de argumento de pessoas que não têm o mínimo compromisso com a verdade”
Granja Santana – Nas eleições 2018, candidatos ao governo da Paraíba reforçaram a importância do debate sobre o espaço e levantaram a hipótese de dar um novo destino à Granja, adotada como residência oficial de governadores por João Agripino, no fim da década de 60. Falaram em Parque, em Museu. Nenhuma das propostas vingou.