Em 72 horas…
A cada 72 horas, circula entre os grupos bolsonaristas notícias falsas indicando que o golpe de Estado está próximo. Gritos de alegria, marchas militares e cânticos de guerra tomam conta dos acampamentos em frente aos quartéis. Findo o tempo determinado, o golpe não ocorre e um novo prazo é anunciado. “Em 72 horas…”
Os dias passam e o nefasto sonho de que as Forças Armadas deem o golpe, anulem a legítima eleição presidencial e perpetuem a família Bolsonaro no poder fica mais distante. Um caminhão já foi pegar no Palácio do Planalto as tralhas do presidente derrotado. Mesmo assim, “Em 72 horas…”
Em diversos estados do Brasil, centenas de golpistas bolsonaristas foram indiciados e muitos deles foram presos pela Polícia Federal. Eles são acusados de incitação ao crime (artigo 286), tentativa de golpe de Estado (artigo 359) e crimes contra a honra (artigos 138, 139 e 140), todos previstos no Código Penal. Mas, “Em 72 horas…”
Enquanto seus apoiadores sofrem sob sol e chuva em acampamentos espalhados pelo país, com alguns deles já amargando a dura vida no xilindró, Bolsonaro permanece em silêncio sepulcral. Ele sabe que os militares da ativa não embarcarão numa perigosa aventura golpista. O populismo de direita representado pelo Bolsonarismo não sensibilizou o alto comando do Exército.
Bolsonaro permanecerá mergulhado no mutismo seletivo. Ele quer sobreviver politicamente. Por isso não fará o tão aguardado pronunciamento anunciando a intervenção militar. Seus crimes contra a democracia já são muitos e, a partir de 1º de janeiro, os processos poderão culminar na sua prisão e inegibilidade.
Apesar disso, seus apoiadores mais recalcitrantes continuam acreditando que “Em 72 horas…”