Nos últimos dias, um relato envolvendo a ingestão intencional de ovos de tênia com finalidade de emagrecimento ganhou destaque na mídia e nas redes sociais, levando profissionais a alertar sobre os riscos associados a essa prática. O norte-americano Bernard Hsu, especialista em câncer, contou que uma mulher de 21 anos comprou o material em forma de comprimido no mercado clandestino, desconsiderando os perigos envolvidos, e, apesar de ter perdido peso, diversos danos comprometeram a sua saúde.
Veja o relato completo sobre o caso:
https://www.youtube.com/watch?v=XAXfqISRZT4&t=1s
Luis Pascuzzi, neurologista da Hapvida NotreDame Intermédica, explica que duas espécies principais afetam os seres humanos: a Taenia solium e a Taenia saginata, cada uma com suas particularidades e consequências.
De acordo com o médico, a Taenia solium, popularmente conhecida como solitária ou bicho da carne de porco, é particularmente preocupante. “Quando seus ovos são ingeridos, o parasita entra no trato digestivo e pode se instalar no estômago e intestinos. Para indivíduos com o sistema imunológico comprometido, a tênia pode migrar para a corrente sanguínea, atingindo órgãos vitais, como cérebro, pulmões e fígado”, contextualiza.
Esse quadro pode resultar em cisticercose, uma condição grave que provoca a formação de cistos infectados no cérebro. “Os efeitos dessa infecção podem ser devastadores, incluindo distúrbios epilépticos, alterações comportamentais, obstruções vasculares e até quadros similares a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de potenciais sequelas como epilepsia ou dores de cabeça persistentes”, completa.
Por outro lado, a Taenia saginata, conhecida por seu tamanho considerável, adere às paredes do intestino delgado, podendo causar anemia, perda de peso e diminuição do apetite. “Diferentemente da T. solium, essa espécie não migra para o cérebro, mas ainda representa riscos significativos à saúde digestiva”, acrescenta.
Diante dos perigos associados a esses parasitas, a ingestão de ovos de tênia é uma prática extremamente arriscada e não deve ocorrer sob hipótese alguma. “A cisticercose, em particular, destaca a gravidade das consequências que a contaminação pode provocar, tornando essencial a conscientização sobre as formas de transmissão e a importância de medidas de higiene e controle alimentar. A prevenção é fundamental”, alerta Pascuzzi.
Emagrecimento saudável e sustentável
Para a nutricionista Fernanda Rodrigues Alves, também da Hapvida NotreDame Intermédica, o processo saudável e sustentável de emagrecimento requer determinação, disciplina, responsabilidade e acompanhamento multiprofissional adequado. “Esse não pode ser um assunto de moda. Além de uma questão estética, estamos falando de uma pauta de saúde que deve ser levada muito a sério, adotando-se práticas que se sustentem em longo prazo e evitando danos ao nosso corpo ao longo do processo”, pontua.
Nesse sentido, a mudança no estilo de vida inclui uma variedade de práticas. “A composição alimentar deve ser calculada individualmente, pois a ingestão de micronutrientes específicos influenciam todo o processo metabólico. A adequação dos horários das refeições também é um ponto a ser ajustado, bem como a rotina de sono e a inclusão de atividades físicas como prática habitual, tendo foco em ganho de massa muscular e aumento de gasto energético”, acrescenta.
Resultados seguros e duradouros, muitas vezes, requerem mais tempo. Ainda assim, são mais recomendáveis quando comparados a soluções temporárias e arriscadas. “Embora as etapas para uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios possam parecer desafiadoras, após trinta dias, o corpo se adapta. Isso facilita a continuidade do processo e a manutenção da conquista obtida, além de promover ganhos de saúde significativos”, conclui a nutricionista.