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PF investiga desvio de emendas de Hugo Motta, candidato à sucessão de Lira na Câmara Federal

Na manhã desta quinta-feira, 12, a Polícia Federal deflagrou uma operação de grande porte para investigar o possível desvio de recursos públicos federais destinados a obras na cidade de Patos, Paraíba. O foco da operação é esclarecer a aplicação de recursos orçamentários que, de acordo com as investigações, podem ter sido mal administrados.

Os primeiros indícios sugerem que os recursos em questão foram canalizados para Patos por meio de apadrinhamento político do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), que é candidato à presidência da Câmara dos Deputados, na sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Motta afirmou que não é alvo da operação e defendeu a investigação, enfatizando que qualquer irregularidade deve ser apurada e resolvida dentro da legalidade.

O contrato sob investigação, avaliado inicialmente em R$ 5,1 milhões, refere-se à restauração da Alça Sudeste e da Avenida Manoel Mota, em Patos. Esse contrato foi firmado pela Prefeitura de Patos, gerida por Nabor Wanderley, pai do deputado Hugo Motta, e filiado ao mesmo partido. A empresa contratada para a execução das obras, Engelplan Construções e Locações, é de propriedade de André Luiz de Souza Cesarino, empresário com quem Motta possui conexões, evidenciadas por interações em redes sociais.

Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) identificaram diversas possíveis irregularidades no contrato, incluindo conluio entre licitantes, cláusulas restritivas de concorrência, superfaturamento em aditivos e manipulação de planilhas. Em consequência dessas descobertas, foram emitidos dois mandados de busca e apreensão, além do sequestro de bens no valor de R$ 269,1 mil, equivalente ao valor superfaturado identificado no contrato.

O caso envolve recursos provenientes do chamado “Orçamento Secreto”, um mecanismo de destinação de verbas recentemente declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido à falta de transparência. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, CGU e Ministério Público Federal (MPF), pode resultar na acusação de crimes como frustração do caráter competitivo de licitações, peculato, e lavagem de dinheiro, dependendo da confirmação das irregularidades.

Essa operação ocorre em meio a questionamentos sobre o uso das emendas parlamentares por parte de Hugo Motta. Nos últimos quatro anos, Patos foi o município mais beneficiado pelas emendas individuais do deputado, recebendo R$ 9,6 milhões no período, sendo R$ 4,8 milhões através das chamadas “emendas Pix”, que se destacam pela rapidez no repasse. Esse montante destinado a Patos supera em mais do que o dobro os R$ 3,9 milhões destinados a Mamanguape, o segundo município mais beneficiado, cujo governo também é aliado de Motta.

Com a falta de transparência envolvendo emendas de relator, de bancada ou de comissões, a dificuldade em rastrear os autores dessas destinações levanta ainda mais questões sobre a atuação de Motta e sua rede política, especialmente considerando o cenário de sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados.

A investigação segue em curso, e mais informações poderão ser reveladas conforme o avanço das apurações pelas autoridades competentes.

Com informações de Tácio Lorran, colunista de Metrópole,