Projeto da Bio-Manguinhos na Paraíba quer estimular vacinação infantil e combater a desinformação
O Instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz, em parceria com o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lançou o projeto “Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais”, e com apoio da Central Única de Favelas (CUFA) na Paraíba capacitou 30 jovens, dos 15 aos 29 anos, de oito comunidades, para que eles produzam e disseminem conteúdo áudiovisual sobre a importância da vacinação na prevenção de doenças, ajudem no combate à desinformação e à hesitação ou desconfiança vacinal que cresceu com a pandemia da Covid-19.
A ideia, explicou a médica Lourdinha Maia, em Bio-Maguinhos desde 2005 depois de coordenar por 10 anos o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS), é criar um “Pacto Social” pela vacinação, incentivando o protagonismo de estados e municípios e o envolvimento de toda a sociedade. “Nós estamos no projeto pelas reconquistas das altas coberturas vacinais, trabalhando a educação-comunicação porque é informando corretamente, é popularizando o conhecimento e a ciência, que a gente espera estar combatendo as fake news. O nosso projeto é mão na massa, é trabalhar com quem é do território. Esses jovens são representantes do seu povo, então a gente pensou nessa estratégia de formação de equipes em comunidades de baixa renda. A gente espera com isso circular a informação pelos bairros, pelas redes sociais e aumentar a cobertura vacinal”, informou ao Blog.
Os dados justificam o projeto da Bio-Manguinhos/Fiocruz. A cobertura vacinal de crianças é a mais baixa dos últimos 30 anos embora as vacinas sejam aplicadas gratuitamente nos postos de saúde. A queda começou em 2015 de acordo o MS, mas se intensificou no governo Bolsonaro como consequência, entre outros fatores, da avalanche de fake news e o negacionismo vacinal em plena pandemia da Covid-19 promovido pelo bolsonarismo. Os números são alarmantes. Ainda de acordo com o MS, em 2021, apenas cerca de 60% das crianças no país receberam vacina contra hepatite B, tétano, difteria e coqueluche. Contra a tuberculose e a paralisia infantil, algo em torno dos 70%. Contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, menos de 75% do público alvo foi imunizado. Isso se repete com outros tipos de vacina. O recomendável é que de 90% a 95% das crianças estejam protegidas para que haja uma barreira coletiva contra todos esses vírus.
A rede de desinformação em torno das vacinas não é novidade, mas toma proporções devastadoras na era digital. Mentiras compartilhadas pelas redes sociais e aplicativos de mensagens reforçam a necessidade do avanço de campanhas de conscientização uma vez que não há sentido em vivermos sob a ameça de doenças já controladas graças à vacinação, a exemplo da paralisia infantil. O tamanho do problema causado pelas fake news, por quem as produz e sustenta, e pela política de morte bolsonarista é imponderável. O negacionismo custou milhares de vidas, o que só reforça a necessidade de iniciativas como a de Bio-Manguinhos/Fiocruz. Ignorância e ideologia política não podem pautar a política pública de saúde do país sob o prejuízo que assistimos agora.
Em tempo: o governo federal anunciou este mês a nova campanha nacional de vacinação com Xuxa como embaixadora para aumentar a cobertura vacinal infantil. Há mais que simbolismo nisso. É que Xuxa influenciou gerações que hoje são pais e mães de crianças que precisam de proteção contra diversas doenças, incluindo a Covid. É uma corrente do bem e pelo bem no meio dessa corrida contra o obscurantismo e pela vida.