Opinião

Marcelo Queiroga: o que está por trás da subserviência do ministro ao presidente?

O ministro da Saúde e médico paraibano Marcelo Queiroga volta aos holofotes. Dessa vez porque resolveu dar carona no avião da FAB para mulher, filhos e outros parentes em pelo menos 20 dos registros de 68 voos do Ministério da Saúde de 25 de março a 8 de agosto. Segundo o governo existiam vagas ociosas e o ministro tem liberdade para preenchê-las.

Ocorre que a ‘mamata’ contraria as ordens do próprio ‘capitão’ que em março de 2020 editou decreto com regras rígidas para o uso de voos oficiais para ministros e equipe de trabalho. Antes disso, ainda na transição de governo, Bolsonaro havia distribuído cartilha com regras uso das aeronaves da FAB e exonerado o secretário-executivo da Casa Civil por isso indevido do privilégio.

Queiroga não é o primeiro a beneficiar a família em viagens pagas com dinheiro público. O presidente já o fez, os filhos dele o fizeram, inclusive, para bancar convidados da festa de casamento de Eduardo , o zero qualquer coisa, o que desmantela todo o discurso moralista do família e denuncia seu caráter despótico.

É no meio desse “muído” que Queiroga está prestes a ser convocado uma terceira vez para depor na CPI da covid,  logo depois da polêmica sobre a suspensão da vacinação de adolescentes determinada por ele e ignorada pela Anvisa pela carência de fundamento cienífico. Queiroga o fez para agradar o presidente.

A subserviência do “cientista” (ele diz que tem doutorado em andamento desde 2010) ao presidente chama atenção. Por que o médico, com carreira consolidada, se submeteria a tamanho vexame? Das duas uma: ou ele tem um ego grande demais e o experimento do poder o sustenta, ou há um projeto maior por trás do viés ideológico e do Ministério da Saúde que passa por candidatura e possível eleição ao Senado.

Fontes próximas ao ministro revelam que ele sempre gostou de Política e a exerceu junto com a medicina. Talvez tenha a necessidade de aumentar a dose. Neste caso, ceder aos caprichos do presidente passaria por uma ação auto-interessada.  Mas aí há uma questão de interpretação: o que uns enxergam como uma mancha no currículo do cardiologista pode ser, para ele, um belo trampolim. Depende da ótica… de Queiroga. Não deixa de ser uma negação da ciência.