Opinião

Mesmo com tanques nas ruas, Câmara decide: voto impresso, não! Resultado expressa derrota política para Bolsonaro

Nesta terça-feira, 10, o Plenário da Câmara dos Deputados derrotou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135/19 que previa a adoção do voto impresso no Brasil. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL) decidiu levar o assunto para apreciação do conjunto dos parlamentares, mesmo após ter sido rejeitada por Comissão Especial criada para tratar do assunto.

A PEC recebeu 229 votos sim, incluindo os dos paraibanos Ruy Carneiro (PSDB), Edna Henrique (PSDB) e Julian Lemos (PSL). Votos contra foram 218 votos. Porém, seriam necessários ao menos 308 votos para sua aprovação. Foram registrados ainda 65 ausências e 1 abstenção. Como o voto impresso tornou-se pauta central na agenda política do presidente da República, colocando em dúvida a legitimidade do sistema eleitoral, este resultado merece análise apurada.

O apoio de 229 parlamentares indica que Jair Bolsonaro teria, neste momento, gordura o suficiente para evitar um eventual processo de impeachment, e Arthur Lira tem mais de uma centena em sua gaveta. Porém, o governo não conseguiu ao menos a quantidade de deputados e deputadas para ter maioria simples na Câmara. Para aprovações de emendas à Constituição, provocando mudanças mais profundas, a distância fica ainda maior.

Ao final do dia, temos a fotografia de um presidente cada dia mais isolado, buscando apoio nas Forças Armadas e tentando mostrar força para manter viva sua militância. Após reduzir o país a uma republiqueta de bananas com tanques de guerra em plena Praça dos Três Poderes, Jair Bolsonaro encontra-se ainda mais dependente do Centrão, que já conhece as vantagens de um governo fraco. Enquanto isso, nossa vacinação segue lenta e pessoas continuam morrendo de uma doença para a qual já temos vacina.