Opinião

Alianças em xeque: efeito antecipado das eleições 2022

No tabuleiro político da Paraíba, as peças se movimentam em campo aberto, de olho nas eleições 2022. É aquela velha história: pra ser lembrado é preciso ser visto. Nessa lógica, Cássio Cunha Lima (PSDB) tratou de reaparecer. Escolheu o momento, a companhia: Veneziano Vital do Rêgo, presidente do MDB desde a morte do senador José Maranhão e aliado do governador João Azevêdo (Cidadania). Nada gratuito ou fortuito.

O encontro deixou a mídia local em polvorosa. Isso porque uma aproximação entre PSDB e MDB seria uma ofensiva e tanto contra João e seu projeto de reeleição. Afinal, estamos falando de dois partidos que já dominaram a Paraíba e que ainda gozam de boa freguesia. Além disso, essa união poderia melar também os planos de Romero Rodrigues (PSD). O candidato de Jair Bolsonaro na Paraíba, apesar de forte na região de Campina Grande, sofreria sérios danos eleitorais sem os tucanos. Cássio pode estar enfraquecido politicamente, mas não está morto. Não mesmo.

O encontro em questão vem depois de uma afirmação do próprio Veneziano de que o MDB terá candidatura própria ao governo da Paraíba ano que vem. Ora, quem joga sabe que o blefe faz parte do negócio. É estratégico. Se Veneziano blefou, já são outros quinhentos. Mas a declaração cria um problema para o partido que tem cargos importantes na gestão. A Secretaria do Desenvolvimento e Articulação Municipal, por exemplo, está nas mãos de Ana Cláudia, mulher de Veneziano. Inevitalmente, o olhar de João para a aliança passa a ser de desconfiança.

Alguns bombeiros já tentaram apagar o fogo e enquadrar Veneziano. Para o deputado Hervázio Bezerra (PSB), não há sinais de ruptura ou Ana Cláudia já teria entregado o cargo. Deu o recado. Roberto Paulino, um dos quadros fortes do MDB e secretário chefe de Governo, passou pano no que pode vir a ser tornar uma crise. Segundo ele, aliança forte não se quebra com qualquer mal entendido. Foi diplomático.

Quem viver, verá. Fato é que nesse estágio, não há palavras soltas ao acaso. Marketing político ou não, o encontro de Veneziano e Cássio é como fogo e gasolina às vésperas de uma disputa eleitoral, e um esquenta para o que está por vir. No rol de aliados de João, há outros que se assanham e podem pular do barco como o Progressistas (PP) e o Democratas. Aliás, o PP não é garantia de nada. Se houver segurança para uma cartada mais arrojada, que o coloque no protagonismo, vai sem medo. Daniella Ribeiro, por exemplo, não descarta uma candidatura ao governo. Basta o apoio de Cícero Lucena, prefeito da capital, fechado com João até aqui. Mas a política é dinâmica e não dá garantias.

Como se vê, as articulações estão em fogo alto e as pesquisas encomendadas. É a roda viva da política partidária. Pra João, um desafio. Para todos ou outros, um grande ensaio.