Na Paraíba, gestores são suspeitos de furar fila da prioridade na vacinação contra a Covid-19
Na Paraíba, dois prefeitos são suspeitos de se valer do cargo para passar na frente na lista das prioridades da vacinação contra a covid-19. Na cidade de Pombal, o prefeito Dr. Verissinho Abmael (MDB) foi o primeiro a se vacinar no município. Outro caso registrado nestes dias, foi na cidade de Belem, onde a prefeita Dona Aline (PDT), também tomou a vacina primeiro. Já na cidade de Campina Grande, a médica Tatiana Madeiros alertou sobre a quebra da ‘fila’ de prioridade na vacinação. De acordo com o plano de vacinação do estado da Paraíba, nenhum destes gestores está no grupo prioritário.
Por causa disso, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou uma Notícia de Fato para apurar o caso do prefeito de Pombal, Abmael Lacerda (Dr. Verissinho), o primeiro a tomar a vacina contra a Covid-19. Ele teria furado a fila, ao tomar a vacina antes dos grupos prioritários.
De acordo com o promotor, Leidmar Almeida, o MPPB irá apurar se o prefeito teria direito a tomar a vacina ou se ele se beneficiou de forma irregular pela sua posição de poder. ”O plano de vacinação estabelece grupos prioritários, dentre os quais profissionais de saúde atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus. Esse procedimento vai investigar se o prefeito se enquadra nesse grupo, já que ele é médico, mas precisamos saber se ele atua na linha de frente no combate ao novo coronavírus”, disse o promotor. A cidade de Pombal recebeu apenas 317 doses da vacina. A assessoria do prefeito disse que ele poderia receber a dose, pois é médico e tem contato com muitos moradores. Mas segundo o ‘Blog Política por Elas’ apurou, Verissinho tem 66 anos, é obstetra, mas não atua em regime de plantões.
Já a prefeita de Belém, Dona Aline, é empresária e tem 78 anos, e também não estaria entre os grupos prioritários. Belém recebeu apenas 163 doses da vacina. O Ministério Público da também deve apurar o caso.
Em Campina Grande, a promotora de Justiça Adriana Amorim, que atua na área da Saúde, disse que um procedimento administrativo de acompanhamento de política pública foi instaurado para verificar o plano de imunização e sua execução.
“O papel do Ministério Público será acompanhar a fiel execução do plano e a observância dos grupos prioritários, conforme a política nacional de imunização, e o informe técnico do Ministério da Saúde sobre a campanha”, informou a promotora. “É importante que os gestores observem essas prioridades, tendo em vista que o quantitativo de doses inicialmente enviado não é suficiente para atender a todos. O processo deve ser seguido com total transparência”, completou Adriana Amorim.
A campanha de vacinação contra a Covid-19 começou nessa terça-feira (19). Neste primeiro momento, foram disponibilizadas 114.846 doses da Coronavac. Conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde, o objetivo é imunizar 54.689 pessoas, entre trabalhadores da saúde, idosos que vivem em abrigos, pessoas com deficiência institucionalizadas e indígenas que moram em aldeias.
A Secretaria de Saúde da Paraíba divulgou uma nota técnica com orientações a gestores. O documento trata da execução da campanha de vacinação contra a Covid-19 e destaca as regras de prioridade de aplicação das primeiras doses da Coronavac. O documento foi enviado aos municípios no dia 7 de janeiro, bem antes do recebimento do imunizante. Mas depois dessa data, houve uma modificação nos grupos de prioridade. Por exemplo, a vacina só vai ser feita em idosos que estão institucionalizados, ou seja, em instituições de longa permanência.
Um alerta reforçou as orientações: “A vacinação acontece em etapas e, à medida vai ampliando as quantidades de doses, são ampliados também os públicos. A orientação é pela preservação dos mais expostos, por isso, SES e Cosems orientam que, entre os trabalhadores da saúde, sejam priorizados os que estão na linha de frente contra a Covid-19, como os que atuam em UPAs, Samu e serviços hospitalares de referência Covid-19. Os municípios devem orientar seus trabalhadores sobre o calendário e local de vacinação dessas pessoas”, informou a secretaria.