Especialista avalia desafios da gestão Cícero Lucena
O prefeito eleito de João Pessoa, Cícero Lucena, do Progressistas, deve compor a equipe de transição já nos próximo dias. Segundo anunciou em entrevista coletiva, os nomes devem começar a ser divulgados já nesta terça-feira, 1 de dezembro. No domingo (29), Luciano Cartaxo (PV), atual gestor da capital, disse que o candidato eleito vai receber uma cidade pronta para o futuro, com pagamentos de fornecedores e servidores em dia e diversas obras em andamento. Cícero Lucena terá um orçamento de R$2.798.653.101,00, mas terá que lidar com a queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
O ‘Política Por Elas’ ouviu o sociólogo Matheus Firmino que contextualizou o cenário para a próxima gestão. Segundo o especialista, haverá a necessidade de continuar obras, entre elas, a de contenção da barreira do Cabo Branco que ainda tem 50% para ser executada, e um orçamento que ultrapassa os R$ 50 milhões de reais, a requalificação da avenida Epitácio Pessoa e a reestruturação do Porto do Capim, que pede diálogo com a comunidade local. Mas Firmino aponta dificuldades administrativas e orçamentárias severas porque, desde 2017, o município vem enfrentando a queda no repasse no Fundo Participação dos Municípios (FPM): “além da queda dos financiamentos federais, a arrecadação diminuiu em João Pessoa significativamente e a pandemia contribuiu para isto. É preciso reavaliar todos os processos e tentar reconstruir através de uma iniciativa local e potencializar a economia da cidade para que arrecadação possa garantir sustentabilidade financeira de João Pessoa que se encontra ameaçada”, comenta. Para ele, ficam como desafios para Cícero Lucena, o incremento dos arranjos sociais e econômicos da cidade que se sustenta à base do setor de serviços e turismo. É preciso diversificar, abrir a economia para além do turismo, investir em novos setores como indústria, agricultura e tecnologia, e criar pontes com as Universidades tanto Federais e particulares. Essas estratégias são importantes no desenvolvimento da economia da cidade.
O especialista avalia ainda pontos da gestão Cartaxo e aponta erros como a falta de celeridade na elaboração de projetos para garantir os recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): “foi um problema de ordem técnico-administrativo. Durante oito anos não se conseguiu finalizar o projeto para receber os recursos do programa ‘Cidades Emergentes’. Não existe nenhuma pedra colocada na cidade de João Pessoa que tenha sido colocada com recursos do BID, que são recursos significativos para o desenvolvimento sustentável”, avalia.
Por outro lado, Firmino diz que Luciano Cartaxo conseguiu entregar obras que conseguem dialogar com a população como o Parque da Lagoa e a Praça da Independência: “são obras importantes em termos estéticos, mas quando se busca o transporte coletivo, já é possível ver um problema sério de urbanização que são os vendedores ambulantes, fruto da deterioração da economia. Desde 2012, a gestão Cartaxo não olhou para esse contexto, deixando que crescesse desordenadamente o comércio informal”.