Você confia nos políticos?
No Brasil, o prestígio dos deputados e senadores anda em baixa. Em recente pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha (publicada em 15 de setembro), apenas 16% dos brasileiros aprovam o desempenho dos integrantes do Congresso Nacional. Para 33% dos entrevistados, os parlamentares são péssimos. Enquanto para 48% eles são regulares. Esses dados não surpreendem. Demonstram que o modelo de democracia representativa que temos está em franco declínio.
Em todos os países do Ocidente, a democracia liberal está em profunda crise. Os populistas de direita que se destacam são aqueles que vociferam contra os políticos profissionais, as minorias étnicas, a corrupção estatal e as instituições jurídicas. Donald Trump (Estados Unidos), Viktor Orbán (Hungria) e Jair Bolsonaro (Brasil) são exemplos bem-sucedidos do discurso antidemocrático que vem ganhando corações e mentes em todo o mundo.
A força política desses líderes de extrema-direita advêm do esgotamento do modelo neoliberal implantado nos países capitalistas. Herdeiro do liberalismo clássico, o neoliberalismo em vigência não resolveu os problemas sociais mais graves (desemprego, concentração de renda, destruição do meio ambiente). Em contrapartida, o desaparecimento da União Soviética, o ultracapitalismo chinês e o colapso econômico de Cuba puseram em suspeição o sonho da utopia comunista.
A democracia liberal como a conhecemos, forjada a partir do século XIX, está numa encruzilhada. Ou ela se renova com um profundo processo reformista que inclua a participação popular em instâncias decisórias ou sucumbirá aos líderes autoritários, os mesmos que a utilizam para chegarem ao poder e solaparem aos poucas conquistas sociais existentes.