Venezuela na encruzilhada

Desde que assumiu o poder na Venezuela em 1999, quando o tenente-coronel Hugo Chávez ganhou a eleição presidencial derrotando as forças oligárquicas que dominavam o país, o chavismo vive o seu pior momento político. Ao longo desses 25 anos, o movimento bolivariano foi se desgastando nacional e internacionalmente.

Hugo Chávez, idealizador e líder da autoaclamada “revolução bolivariana”, comandou o país durante 14 anos, até perder a batalha pessoal para um câncer, em 2013. Durante os sucessivos mandatos, sempre renovados por legítimas eleições, Hugo Chávez deu vez e voz aos setores populares do país, secularmente explorados e calados pelas oligarquias.

Uma vez no poder, Hugo Chávez conduziu um processo de aprofundamento democrático. A Constituição Bolivariana, de cunho social, democrática e nacionalista, abriu espaços concretos para uma ampla participação popular. Diante disso, os setores conservadores passaram a fazer uma sistemática e violenta oposição ao governo chavista. O ápice foi a tentativa de golpe de Estado contra Chávez em 11 de abril de 2002.

Personalista como todos líderes populistas, Hugo Chávez acreditava ser insubstituível. Assim, caiu na tentação do poder eterno. Através de um plebiscito, aprovou uma alteração na constituição venezuelana que permitiu ao presidente e governadores a reeleição infinita. Foi a brecha para o perigoso caminho ao autoritarismo.

Nicolás Maduro está no poder desde 2013. Sem o carisma de Chávez e enfrentando a baixa no preço do petróleo, principal riqueza do país, Maduro tem, paulatinamente, perdido força política. Atualmente ele encontra respaldo nas forças armadas e nos segmentos sociais mais pobres, atendidos pelos programas sociais.

Pressionado internacionalmente e fustigado internamente por uma oposição crescente, Maduro dá nítidos sinais de que vai endurecer o regime. A solução para o acirramento político na Venezuela parece estar longe do fim.