União da Direita
Dois poderosos partidos de direita no Brasil decidiram somar forças mediante uma fusão: O DEM (Democratas) e o PSL (Partido Social Liberal), e assim formar uma nova sigla política, o União Brasil. Após a junção, a União Brasil se tornará a principal agremiação partidária, com 82 deputados federais, e alcançará a maior receita da verba eleitoral a ser gasta na campanha de 2022: R$ 160 milhões.
O DEM tem uma longa história. É o mais antigo dos dois partidos e já passou por sucessivas metamorfoses na sigla, não na ideologia. Tem, na sua composição genética, o DNA da ARENA, agremiação que deu sustentação ao regime militar. Com a derrocada da ditatura, passou a ser denominado por PDS, depois PFL, para, em 2007, assumir o nome Democratas. Nessa trajetória, seus maiores representantes foram Paulo Maluf, José Sarney e Antonio Carlos Magalhães.
Atualmente presidido por ACM Neto, o DEM se enquadra ideologicamente no campo conservador. Defende o conservadorismo fiscal e o liberalismo econômico. O DEM faz parte de organizações internacionais de direita como a Internacional Democrática Centrista (Centrist Democrat International) com sede em Bruxelas, e a União Internacional Democrata (International Democrat Union), localizada na Noruega. É o sétimo partido em número de integrantes, contando com 1.010.444 filiados em dezembro de 2021.
O PSL tem vida mais curta, mas de atribulada participação na cena política. Fundado pelo empresário pernambucano Luciano Bivar em 1994, o PSL segue a mesma linha ideológica do DEM. Bivar se mantém na presidência do partido desde a sua organização, conduzindo as ações partidárias com mão de ferro. Sigla nanica até 2018, o PSL tinha apenas 74.760 filiados em dezembro do ano passado.
Sem nenhuma expressão nacional até 2018, o PSL deu um grande salto quantitativo naquele ano. Ao filiar o candidato a presidente Jair Bolsonaro, o partido recebeu uma avalanche de votos na eleição. Além de eleger o presidente da república, o PSL passou de apenas um deputado federal para 52, tornando-se a segunda agremiação em número de congressistas, só ficando atrás do Partido dos Trabalhadores (PT), que elegeu 56 deputados.
As desavenças entre parte do PSL e o presidente Bolsonaro começaram logo no início do governo, quando surgiram os indícios de malversação do fundo partidário por integrantes do partido. A disputa entre Luciano Bivar e a família Bolsonaro ganhou conotações de ruptura, principalmente no que se refere ao controle do fundo partidário. A disputa foi perdida pelos Bolsonaro, culminando na saída do presidente da república da sigla. Mesmo assim, a maioria dos deputados do PSL continuou aliado do governo.
A fusão do DEM com o PSL transformará a União Brasil no maior partido de direita no Brasil, reunindo 82 deputados federais. Com forte base eleitoral no Nordeste do país, o futuro União Brasil, com a montanha de dinheiro do fundo eleitoral, prepara-se para continuar a ser, no próximo ano, a sigla com a maior bancada na Câmara Federal.
O União Brasil, um novo partido mas com antigas práticas conservadoras, terá um papel estratégico no futuro governo, seja na oposição, seja compondo sua base de apoio.