Quem é ele?

A Argentina está mergulhada num caos econômico e social. A inflação passa de três dígitos e a pobreza atinge 38,7% da população. Já a extrema pobreza alcança 8,9% dos argentinos. Os dados foram revelados no dia 4 de agosto pelo Indec (Instituto de Estatísticas e Censos) daquele país.

Diante da incapacidade do atual governo peronista em resolver a profunda crise que abala a nação, uma parte da população, numa nítida reação de raiva aos partidos tradicionais, despejou a maioria dos votos em Javier Milei, um economista de 52 anos da extrema direita, admirador de Donald Trump e seguidor de Jair Bolsonaro.

Javier Milei obteve 30% dos votos nas eleições primárias. Em segundo lugar ficou a conservadora Patricia Bullrich (28%). Sergio Massa, o atual ministro da economia e candidato peronista, ficou em terceiro (27%). A eleição pra valer só acontecerá em 22 de outubro, mas o protagonismo de Milei acendeu o alerta das forças políticas tradicionais da Argentina.

Javier Milei se assume como partidário do anarcocapitalismo, corrente político-econômica que defende o desaparecimento do Estado, privatização de toda a economia e supressão de qualquer política social que promova a inclusão dos mais pobres. Em síntese: seria a sociedade hobbesiana em estado bruto, a luta de todos contra todos.

As propostas de Javier Milei, apresentadas durante a campanha, soaram bizarras para o establishment político, mas tiveram grande aceitação em parte significativa do eleitorado, principalmente entre os homens na faixa etária entre 19 e 39 anos.

Dolarização da economia, eliminação do Banco Central, fim da gratuidade do ensino e da saúde, legalização da venda de órgãos humanos e saída do Mercosul são algumas das propostas do favorito candidato. Na primeira pesquisa eleitoral após o resultado das primárias, ele aparece com 52% das intenções de votos.

O histriônico Javier Milei apresenta-se como um antipolítico que pretende colocar ordem na Argentina. O Brasil já passou por isso em 2018. Muitos não acreditavam que Jair Bolsonaro, um bronco autoritário e oportunista, seria eleito presidente da República. Deu no que deu.