Presidencialismo autoritário
Lúcio Flávio Vasconcelos –
O quadro El Presidente, do pintor colombiano Fernando Botero, é uma excelente metáfora do presidencialismo autoritário sonhado por Jair Bolsonaro e seus seguidores.
Na pintura, o presidente aparece completamente só, corpo hipertrofiado e aspecto bonachão. Da sua imagem emana o poder solitário que tem caracterizado muitos mandatários na América Latina e o desejo alentado por aspirantes a ditador.
Ao lançar mão da Lei de Segurança Nacional, entulho autoritário aprovado em 1983, nos estertores da ditadura militar, para processar aqueles que ousaram criticá-la, Bolsonaro reafirma seu sonho com um regime excludente, que pune os que se posicionam contrário a sua forma de ser, principalmente ao lidar com a pandemia que matou mais de 307 mil brasileiros.
A Lei de Segurança Nacional tem como base o combate “ao inimigo interno”, jargão utilizado para prender e torturar os que lutavam contra a ditadura. Ela também cerceia a liberdade de expressão e pune quem ofender a “honra do presidente”.
Bolsonaro gostaria de governar por decretos. Com um Congresso Nacional subserviente e o Supremo Tribunal Federal submisso. Mas, felizmente, os outros poderes teimam em reafirmar os princípios democráticos de autonomia e equilíbrio das instituições.
Políticos de personalidade autoritária não admitem críticas. Eles se consideram infalíveis e possuidores do dom da verdade absoluta. Hitler eliminava sumariamente quem não seguisse suas ordens. Stalin trucidava todos aqueles que o criticassem. O pior: eles eram venerados como mitos por boa parte da população.
A história, implacavelmente, tem demonstrado o desastre que eles provocaram em seus respectivos países e o profundo mal que causaram à humanidade.