O ocaso do PSDB
O PSDB nasceu da costela apodrecida do PMDB. Criado em 1988, o partido agregou os dissidentes do PMDB que enxergavam em Orestes Quércia (governador de SP) o símbolo da deterioração da política. Seus primeiros integrantes, entre eles Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro e José Serra, fizeram oposição à ditadura militar e buscavam construir uma alternativa de centro-esquerda no cenário político nacional.
Em 1989, o PSDB lançou Mário Covas como candidato a presidente. Seu desempenho foi pífio. Numa disputa extremamente fragmentada, Covas ficou em quarto lugar, atrás de Collor (PRN), Lula (PT) e Brizola (PDT). No ano seguinte, Covas disputou o governo de São Paulo e sofreu nova derrota, alcançando a terceira posição.
A ascensão do PSDB começou em 1994. Surfando na popularidade do Plano Real, capitaneado pelo ministro da economia FHC, o PSDB passou a ser um dos principais partidos do país, polarizando com o PT. Nas eleições ocorridas naquele ano, o partido dos tucanos conseguiu não só a presidência do Brasil (FHC), como também os governos dos principais estados: São Paulo (Mário Covas), Minas Gerais (Eduardo Azeredo) e Rio de Janeiro (Marcelo Alencar). O número de deputados federais do PSDB passou de 38 para 62. E, no Senado, saltou de 1 para 9 cadeiras. O prestígio dos tucanos chegou ao auge.
Em aliança com o PFL, liderado por Antônio Carlos Magalhães, o governo FHC deu uma guinada à direita, realizando o mais profundo e abrangente programa de privatizações já ocorrido no país. Ao mesmo tempo, na tentativa de debelar a pobreza extrema, criou vários programas de assistência social como Bolsa-Escola, Auxílio-Gás e o Bolsa-Alimentação.Durante o seu governo, FHC aprovou a emenda parlamentar que possibilitou a reeleição para os todos os cargos executivos. Em 1998, FHC derrotou Lula e tornou-se o primeiro presidente a ser reconduzido ao cargo para um segundo mandato.
Após 8 anos no poder, o modelo de governo implantado pelo PSDB começou a dar sinais de exaustão. O crescimento médio do PIB (Produto Interno Bruto) foi de apenas 2,3%. Com a crescente demanda por mais inclusão dos setores empobrecidos da sociedade, o PT conseguiu, sob a liderança carismática de Lula, galvanizar as forças políticas populares c derrotar o PSDB em sucessivas eleições presidenciais: 2002, 2006, 2010 e 2014. O PSDB começou a aprender a ser oposição de direita.
A derrocada vertiginosa do PSDB começou com Aécio Neves. Candidato derrotado por Dilma Rousseff (PT) em 2014, o tucano não aceitou o resultado das urnas e questionou a legitimidade da eleição junto ao TSE. Seu pedido foi aceito e, depois da investigação, ficou constatado que não houve nenhuma falha ou fraude. Mas a semente da desconfiança do sistema eleitoral havia sido lançada. Ela germinou com força nas hostes da extrema direita e alimenta o discurso bolsonarista até hoje.
Em 2017, Aécio Neves foi acusado de corrupção passiva. O MPF o denunciou de ter recebido do empresário Joesley Batista a quantia de 2 milhões de reais quando era senador. O escândalo envolvendo a principal estrela do PSDB caiu como uma bomba no ninho tucano e contribuiu para ajudar no naufrágio da candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2018.
Em 2022, o PSDB está mergulhado numa guerra fratricida. Com a desistência do rejeitado João Dória em concorrer à presidência, e sem contar com um nome de peso nacional para o pleito presidencial, o PSDB corre sério risco de tornar-se um mero apêndice do inexpressivo PMDB.