O destino dos povos originários

Quando os conquistadores portugueses passaram a ocupar o Brasil, a partir de 1500, foram muito bem recebidos pelos indígenas. Houve intensa troca de papagaios, de peles de animais e do precioso pau-brasil por facas, machados e adereços de vidro. Durante os primeiros 30 anos do século XVI, o escambo entre brancos e indígenas ocorreu sem maiores problemas.

Tudo começou a degringolar quando os exploradores resolveram tomar as terras dos povos originários para plantar cana-de-açúcar, principal produto de exportação para a Europa. Para piorar a situação, os lusos passaram a escravizar os indígenas, transformando-os em trabalhadores braçais nos estafantes afazeres dos engenhos.

Com a resistência dos indígenas, que queriam preservar as áreas de caça, sua cultura, sua religião e sua liberdade, as guerras começaram. Em nome da propriedade privada, da religião católica e da civilização ocidental, milhões de indígenas foram massacrados ao longo dos séculos sob o argumento da “guerra justa”. A destruição dos povos indígenas nas Américas é o maior genocídio praticado pelos europeus na era moderna.

Segundo o censo 2022, a população indígena no Brasil é de apenas 1.693.535 pessoas. Para continuarem a viver dentro dos seus preceitos culturais, precisam preservar as terras com as dimensões ecológicas condizentes com as atividades de caça, pesca e plantio da agricultura. Do contrário, desaparecerão.

A aprovação do marco temporal pelo STF, que determina que os indígenas só têm direito de ocupar as terras que habitavam até 5 de outubro de 1988, seria a consagração de um crime histórico. Até agora, o placar de 4 a 2 favorece os povos tradicionais. Tudo indica que a justiça será feita. Os indígenas merecem sobreviver.