O Copom e o rombo da dívida

A histeria da guerra na Ucrânia continua crescendo. O palhaço Zelensky, travestido de presidente, obediente os comandos do Pentágono, sedento de sangue, continua pedindo mais armas e os velhos caquéticos generais da OTAN, babando de ódio contra a Rússia, prometem atender aos pedidos. Agora falam em tanques mais modernos, a serem enviados pelos alemães, ingleses e americanos, além de misseis e artilharia. Mas ainda é pouco. Zelensky, sendo mais realista que o rei, e mesmo contra a vontade dos americanos, pede agora aviões de combate. Além disso são contratados milhares de mercenários, o lixo que sobrou das aventuras belicistas europeias, e que também custam dinheiro. São bilhões de dólares sendo queimados na guerra. Continua difícil entender o que ganha a burguesia internacional e particularmente a europeia com guerra tão estúpida. Do ponto de vista da acumulação do capital parece claro que ela não tem qualquer interesse. A desorganização das cadeias de valor prejudica o processo de globalização e atinge os interesses do capital. É uma grande estupidez. Quem está ganhando com isto?

As despesas com armas começam a pesar nos orçamentos dos países da OTAN aumentando seu endividamento. O teto dos EUA, para endividamento, já estourou e o governo está sendo forçado a pedir ao parlamento um crédito extraordinário. Os problemas das fontes de energia estão longe de serem resolvidos. A Rússia passou a vender seu gás e petróleo para a China e outros países da Ásia e do Pacífico. As trocas comerciais e os laços econômicos entre estes países se estreitaram. Até o Brasil sai ganhando com as mudanças nos fluxos econômicos mundiais coisa que o governo Lula parece disposto a explorar. Aliás, são intensas as movimentações do governo neste sentido, relançando o Brasil no universo das nações, em busca dos espaços perdidos com a estupidez do governo anterior.

A evolução da economia internacional é que não tem dado grande ajuda. Apesar disto as consultorias e órgãos internacionais melhoraram um pouco seus prognósticos para o crescimento do PIB mundial. Agora reduziram as estimativas da recessão na União Europeia e fala-se em crescimento de 0,1%, em 2023. Para os Estados Unidos, no entanto, as perspectivas continuam de recessão. A “Conference Board”, por exemplo, calcula índices antecedentes que continuam a apontar a desaceleração da economia. Os ânimos estão mais otimistas, porém, diante das notícias de que a China, apesar da abertura e do fim do programa covid zero, consiga controlar a pandemia e retomar o crescimento.

Surgem esperanças de que a economia mundial não entre em recessão neste ano, embora tenha crescimento muito baixo. A nova estrela que desponta para melhorar os humores é a Índia que já está sendo apontada como o novo motor da economia mundial, graças à sua população de 1,417 bilhão de habitantes (maior que a da China). Acrescente-se que é uma população jovem pois, mais de 50% dela tem menos de 30 anos. Tudo indica que o capitalismo ainda tem gordura para queimar.

Resumindo a semana, as notícias da economia mundial aparecem um pouco melhores, mas não o suficiente para elevar os prognósticos para a economia local. O crescimento por cá continua a ser estimado entre 0,5% e 0,8% neste este ano.

Apesar disso o Copom na sua reunião de quarta-feira, decidiu continuar com a Selic em 13,75%, mantendo-a como a mais elevada do mundo. O argumento é o mesmo: a inflação continua resiliente e acima do topo da meta. Os diretores do nosso Banco Central, no seu fanatismo ideológico, não conseguem escutar nem os conselhos dos seus grandes mestres, os economistas Lara Rezende e Joseph Stiglitz. Não conseguem perceber que taxas de juros elevadas encarecem o capital, dificultam os investimentos e, consequentemente, prejudicam a recuperação das economias. Os juros elevados favorecem o capital financeiro, os especuladores e prejudicam o capital produtivo. Não é por outra razão que entidades como a CNI e a Fiesp tanto reclamam. Por que o capital produtivo vai investir se a maior parte de seus lucros será drenada para o pagamento dos juros?

Outro aspecto a ser considerado é o aumento do custo da dívida para o Tesouro. Em 2020 este custo representou 7,15% do PIB; em 2021, representou 8,9% do PIB e em 2022, 10,8%. Considere-se que os títulos públicos indexados à Selic atingem 40% do total emitido. Com a manutenção da Selic elevada, a dívida pública subiu de 6,9 trilhões para 7,6 trilhões, e o chamado “serviço da dívida” compromete 50% da receita. Foram pagos de juros aos rentistas um montante superior à soma dos orçamentos dos ministérios da saúde, educação, previdência, ciência e tecnologia e segurança. Quando se fala em rombo no orçamento ninguém fala desta despesa com o custo da dívida. Mas o BC, em sua demência “autônoma”, acha que pode combater a inflação com a sua taxa Selic. Vale perguntar: que influência tem a Selic nos preços do petróleo e seus derivados, no fluxo de commodities, na desorganização do comércio mundial, na desestruturação das cadeias de valor, na guerra da Ucrânia, na pandemia da covid-19, etc. Como a Selic pode reestruturar a economia mundial? Eis o tamanho da demência.

Enquanto isto, ao passo em que os diretores do BC independente se deleitam com sua ideologia ultrapassada, o país ainda vive as consequências dos últimos acontecimentos políticos. Com as alterações nos comandos das forças armadas conseguiu-se um de armistício, por algum tempo. Importantes foram também as eleições dos presidentes das duas casas do parlamento. Mais uma derrota do bolsonarismo e do golpismo. Passamos a aguardar os próximos acontecimentos.

Para onde vai este sofrido país? Quando poderemos voltar a construir em vez de destruir?

Deixem o homem trabalhar!

 

Foto: Suno