Maduro vai à guerra?
Nicolás Maduro sonha com o poder perpétuo, como todo político autoritário. Ele está à frente do governo da Venezuela desde 2013, quando Hugo Chávez, fundador e líder do Movimento Bolivariano, morreu em pleno exercício da presidência. De lá pra cá, Maduro vem sendo reeleito presidente e, no próximo ano, concorrerá novamente aí cargo máximo do país.
Maduro herdou o poder de Chávez, pois era o seu vice-presidente. Mesmo sem o carisma do líder bolivariano, ele se mantém no poder graças ao apoio do setores populares, favorecidos pela política assistencialista do Estado. Mas, principalmente, Maduro conta com o respaldo dos militares, contemplados com vultosos gastos bélicos. Sem eles, ele já teria sido apeado do poder.
Visando ampliar seu apoio político para a eleição que ocorrerá em 2024, Maduro apelou para o sentimento nacionalista do povo venezuelano. Após o plebiscito de 3 de dezembro, declarou que a região de Essequibo, que perfaz 70% do território da Guiana, será incorporada à Venezuela.
A região de Essequibo é rica em petróleo, ouro e diamante. Em seu território existem cerca de 11 bilhões de barris de óleo bruto. A empresa norte-americana ExxonMobil já atua na área desde 2015. A previsão é que, em 2028, a Guiana pode chegar ao patamar de 20º país produtor de petróleo.
A disputa entre a Venezuela e a Guiana pelo território de Essequibo é antiga, remonta ao século XIX. Mas só agora que o governo venezuelano decidiu anexá-lo. O problema é que o governo dos Estados Unidos já mobilizou tropas para garantir seus interesses geopolíticos e econômicos na América Latina. Como sempre.
Maduro está numa encruzilhada. Caso invada a Guiana, enfrentará o poderio norte-americano e a desaprovação internacional. Se recuar na anexação, ficará completamente desmoralizado e correrá sério risco de perder a eleição.