Lira: o todo-poderoso
No jogo bruto da política brasileira ganha aquele que detém mais força. Arthur Lira (PP), atual presidente da Câmara Federal, tem demonstrado que é o mais forte. Mas até quando?
Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Arthur Lira foi, paulatinamente, ganhando musculatura. Oriundo do pequeno estado de Alagoas, ele foi eleito em 2021 presidente da Câmara Federal com amplo apoio dos partidos da direita e tornou-se um forte aliado de Bolsonaro.
Sob a presidência de Arthur Lira, os deputados do centrão ganharam mais força, recursos e poder. Através do mecanismo do chamado Orçamento Secreto, receberam bilhões de reais sem a necessidade de identificar-se. Foi a farra das farras com o dinheiro público.
Em sua reeleição, Lira bateu um recorde de votação: 464 votos. Nunca, em toda a história da República, um deputado havia obtido tantos votos para presidir a Câmara dos Deputados. Ele teve votos da esquerda, do centro e da direita. Apenas o PSOL teve a coragem de desafiar o poder de Lira.
Mais uma vez, Arthur Lira tornou-se o fiel da balança. Um Lula enfraquecido precisa do seu apoio para aprovar qualquer projeto na Câmara dos Deputados. Sem ele, o governo Lula vira refém da direita e extrema-direita que controlam o Congresso nacional.
Já vi essa história antes. Quem não lembra do deputado Eduardo Cunha, o então presidente da Câmara, responsável pelo processo de impeachment da presidenta Dilma? Terminou cassado por seus pares e preso por corrupção.
Nessa semana, a Polícia Federal desencadeou uma operação que investiga superfaturamento na compra de Kits de robótica em Alagoas. Os agentes fizeram busca e apreensão na casa de Luciano Cavalcante, um dos auxiliares mais próximos de Arthur Lira. Parece que o cerco começa a se fechar em torno do todo-poderoso de plantão.