Jesus histórico
Não há, em todo o Ocidente, personagem mais admirado, venerado e seguido do que Jesus (Yesua, em hebraico), judeu nascido em Nazaré (e não em Belém), pequena aldeia de camponeses encravada no coração da Palestina.
Denunciado pela cúpula da igreja judaica por suas ideias contestatórias, Jesus foi preso, torturado e morto cruelmente pelos imperialistas romanos que ocupavam a região. Jesus tornou-se Cristo (Ungido, em grego) só após a sua trágica morte. Passados quase dois mil anos, ele é cultuado por dois bilhões de pessoas em todo o mundo.
Não sou teólogo. Não esperem aqui uma interpretação da doutrina cristã, com tantas e conflitantes vertentes. Apenas me deterei em alguns aspectos históricos do homem Jesus, aquele de carne e osso. Estudos mais recentes confirmam que ele era filho de uma família pobre, mesmo para os padrões da época.
Pesquisas arqueológicas indicam que a pequena aldeia agrícola de Nazaré possuía, por volta do nascimento de Jesus, apenas cerca de 500 habitantes. As casas eram de chão batido, paredes de pedra e barro, cobertas de palha.
A dieta alimentar dos seus habitantes era frugal. Pão de trigo, azeitonas, lentilha, feijão, nozes, frutas, peixe seco, queijo e iogurte de cabra. A carne vermelha era rara, apenas em datas especiais. Os esqueletos humanos encontrados na região revelam carência de ferro e proteínas. Não muito diferente dos pobres de hoje.
Esqueçam a imagem de um Jesus alto, branco, loiro e de olhos azuis. Essa versão foi forjada durante séculos por artistas e clérigos europeus. No Novo Testamento não há uma descrição física dele. Os homens do período em que Jesus viveu eram morenos, cabelos crespos, olhos castanhos e de baixa estatura. Padrão humano típico do Oriente Médio.
Desde a antiguidade, a Palestina tornou-se um território explosivo. A presença de Roma e seus cobradores de impostos desde o ano 63 a.C., aguçava a pobreza e despertava o ódio da comunidade judaica, constituída por vários grupos rivais entre si. A luta contra os romanos era cotidiana e violenta. A repressão do império era implacável. A principal forma de eliminar os rebeldes era os crucificando em vias públicas. O exemplo aterrorizava.
Jesus nasceu e cresceu numa sociedade convulsionada violentamente pela luta contra os romanos. Dentre os que pregavam a luta armada contra os romanos destacam-se os zelotes. Barrabás, aquele que foi libertado no lugar de Jesus, era provavelmente um dos seus integrantes. A troca, por decisão popular, foi a sentença de morte de Jesus.
O fim do Jesus histórico deu início ao Cristo religioso.