Inimigo da Democracia
O tenente-coronel Mauro Cid, em seu delírio político, acredita estar em guerra permanente. Durante seu comparecimento à CPMI, comportou-se como se estivesse sendo inquirido por soldados inimigos. Ficou em silêncio em todas as perguntas. Só faltou repetir exaustivamente o nome e número, como determina os manuais de guerra quando submetido a um interrogatório num campo de prisioneiros.
O comportamento de Mauro Cid não representa a totalidade dos integrantes da alta oficialidade do Exército. Caso fosse, o golpe arquitetado por Bolsonaro e seus asseclas teria dado certo e estaríamos mergulhados em um obscuro regime autoritário, como desejavam os golpistas.
O Alto Comando do Exército sabia da preparação do golpe, arquitetado nos corredores do Palácio do Planalto. Também acompanhou a mobilização de civis e militares que permaneceram por meses diante dos quartéis. Fez vista grossa frente às manifestações que clamavam por uma ditadura. Mas optou por não embarcar na aventura golpista comandada por Bolsonaro e seus seguidores fanatizados. Não houve apoio na sociedade civil nem respaldo em Washington, como em 1964. A conjuntura era outra.
O tenente-coronel Mauro Cid é um servidor público federal muito bem remunerado. Seu soldo é pago com os impostos arrecadados de todos os brasileiros. Seu dever é proteger o país contra inimigos externos e respeitar a Constituição brasileira. Mas ele, cooptado pelo bolsonarismo radical, traiu seu juramento de oficial, que consiste defender as instituições do país. Participou ativamente da trama golpista.
Com suas ações criminosas, Mauro Cid tornou-se um vil inimigo da democracia. Que ele pague exemplarmente por todos os seus crimes com os rigores da lei, como manda o regramento do Estado democrático de direito.