Finalmente podemos desejar: Feliz 2023
O ano de 2022 foi um ano difícil para os que tem por ofício fazer Análise de Conjunturae terrível, não somente para o Brasil, mas para todo o mundo. Quando falamos em conjuntura falamos das evoluções da economia no curto prazo, ao longo das semanas e meses e mesmo alguns anos. No nosso caso, atrevemo-nos a fazer análises no curtíssimo prazo de uma semana. Claro que, para não cair na dita “economia do sobe e desce”, precisamos ter como suporte uma teoria econômica.Nós adotamos a teoria marxiana das crises cíclicas de superprodução na versão por mim desenvolvida (Ver Ribeiro, Nelson R., “A crise econômica – Uma visão marxista”, J.P., UFPB, Ed. Universitária, 2008).Segundo esta teoria a economia evolui em movimentos oscilatórios, em ondas de crescimento e desaceleração, movimento que se dá em quatro fases: crise, depressão, reanimação e auge, e se repete em ciclos sucessivos. É sobre este movimento que agem outros fatores de ordem não econômica e que podem provocar alterações que necessitam de análise específica. Certamente, sendo uma teoria econômica,não comporta a análise de fenômenos que se processam em outras esferas. Apesar de trabalhar com uma base científica, as nossas dificuldades, neste ano que passou, foram muito amplificadas pois o ano sofreu a ação destes fenômenoso que nos obrigou a grandes desvios para os campos da política, da história, da sociologia e até mesmo da biologia.
Com efeito, durante o ano ocorreram três fenômenos que, diretamente, nada tiveram com ver com a economia: a pandemia do Covid-19, a guerra na Europa Oriental e as eleições. Os dois primeiros tiveram como consequências o acirramento da inflação, a desorganização dos mercados, dos transportes, do comércio, a crise de abastecimento e da energia, o fechamento de fábricas a falta de mão de obra, o desemprego etc. Fatores não econômicos provocaram o caos na economia a nível local e mundial. O terceiro fator teve consequências internas. O desgoverno local já havia maltratado terrivelmente a economia com suas medidas de política econômicainsensatas, saídas da cabeça doente do sinistro da economia Paulo Guedes.Diante da ameaça de perder as eleições, numa atitude desesperada para manter-se no poder, o presidente usou todo o aparelho de estado com este objetivo. Deixou de governar para comprar votos a qualquer custo mesmo comprometendo o orçamento e o futuro do país. Se já vinha destruindo tudo o que podia, com sua fanática estupidez ideológica, a situação foi ainda mais agravada e o estado quase foi a falência sem recursos sequer para terminar o ano. O novo governo vai pagar muito caro para reparar os males que foram produzidos e que continuarão a repercutir nos próximos anos. Este ano de 2023 será mesmo um ano de sacrifício, mas podemos comemorar: a besta foi banida e a democracia foi restaurada.
Em Análises anteriores já vinhamos demonstrando que a economia do país estava entrando em uma fase de crise, mesmo antes dos primeiros casos de covid-19. Era a entrada do país na fase de crise do ciclo econômico. A deflagração da pandemia e depois o início da guerra da Ucrânia aceleraram o processo e entramos com força na crise. Contra a vontade do governo, as vacinas foram compradas e iniciou-se o ataque ao vírus, com a campanha de vacinação. O sucesso alcançado permitiu algum relaxamento das restrições impostas ao deslocamento das pessoas,possibilitando um aquecimento no mercado de força de trabalho.Também, contra a vontade do governo, foi aprovado o auxílio emergencial.No desespero de comprar votos o governo abriu o cofre e foram também aprovados vários subsídios que contribuíram para aliviar a situação dos mais pobres.A campanha de vacinação foi vitoriosa, apesar das sabotagens, e conseguiu-se controlar a pandemia. A injeção de recursos estimulou a demanda e a economia iniciou uma tênue recuperação a partir do setor de serviços e com o trabalho informal. A longa paralização criou um vácuo que começou a ser ocupado pela retomada da produção o que resultou em indicadores econômicos mais positivos embora os números da inflação continuassem a mostrar aceleração. Para este mal, o BC já aponta teimosamente com a possibilidade de novo aumento da Selic, o que, certamente, prejudicará a economia.
Esta é a situação que o novo governo terá de enfrentar. O presidente Lula já empossou quase todo o seu ministério com uma notável habilidade que só ele é capaz. Na verdade, a frente formada é por demais ampla e muitas serão as dificuldades de manter a articulação de tantas tendências. Será um grande desafio que, esperamos, tenha sucesso, para o bem da democracia e a sobrevivência do país. Infelizmente, para os primeiros meses do ano podemos esperar a continuação da desaceleração da economia, já visível com o aumento da inadimplência, os maus resultados das vendas de fim de ano e o esgotamento dos estímulos dos subsídios concedidos. Por outro lado, a situação internacional tende a agravar-se pois está em marcha uma mega crise que inclui a pandemia de covid-19, a guerra da Ucrânia, a inflação, a recessão e o aumento das dívidas nos mercados emergentes e países em desenvolvimento. Tudo isto pode ser agravado com uma guerra comercial destrutiva como a que está sendo provocada pelos EUA contra a China.
Para finalizar, temos que aplaudir os discursos do presidente, discursos de um grande estadista, e a seriedade do ministério, a duras penas, por ele constituído. E, com esperanças, enfrentemos o ano de 2023.
Afinal podemos dizer: Feliz Ano Novo para todos nós.