Fim de ano com desaceleração da economia
O governo do tresloucado fascista Milei, esquecendo o que prometeu, começou a tomar medidas capazes de destruir a economia argentina por muitos anos. É uma experiência ultra neoliberal exacerbada como ainda não se viu. Desvalorizou a moeda (1 dólar passou de 400 para 800 pesos), revogou subsídios aos transportes públicos e serviços, suspendeu a execução de todas as obras em andamento e a contratar, bem como todas as licitações, cancelou os contratos de publicidade etc. Depois de declarar, no comício de posse, aos berros, e com sua cabeleira cuidadosamente desgrenhada, que “o neoliberalismo não está morto”, identificou o déficit fiscal como inimigo fundamental e a causa de todos os males da Argentina, prometendo acabar com ele. Pediu o prazo de 18 a 24 meses de tolerância, quando a vida do povo vai piorar, prometendo a bonança e o bem-estar, depois disso. A sabuja imprensa argentina, mais realista do que o rei, começou a pedir sacrifícios a todos, sugerindo que as pessoas comprassem carros mais baratos, ou cancelassem as assinaturas de TV pagas, ou passassem a comer só uma vez ao dia, para fazer economia e ajudar o país a levantar-se. Prevendo possíveis descontentamentos e revoltas populares, os ministros prometeram “mão de ferro” com as manifestações e perturbações da ordem, bem como cortes de todos os benefícios sociais dos baderneiros. Os protestos já começaram, e vão continuar, e a repressão também. Surge a ameaça da Argentina caminhar para um regime autoritário.
Mais uma loucura neoliberal está em marcha, como se não bastasse o fracasso chileno, cuja população está mais perdida que cego em tiroteio, e de tal modo dividida, a ponto de preferir manter a já remendada e caduca constituição dos tempos de Pinochet. Nas duas consultas feitas, em plebiscito, as propostas alternativas foram seguidamente rejeitadas. Vamos agora, lamentavelmente, assistir mais esta trágica experiência dos Hermanos que, esperamos, sirva definitivamente de lição.
Ainda no plano internacional, as duas guerras em curso já se tornaram rotina. A guerra da Ucrânia deixou de ser falada, pois a parte ucraniana já está derrotada, e as ratazanas abandonam o navio. O palhaço do Zelensky rodou inutilmente o mundo, com uma sacola nas mãos, a pedir mais dólares para matar seu próprio povo. Recebeu negativas do congresso dos EUA e de vários países europeus, que começam a criar vergonha na cara. Em compensação, tomaram a decisão de começar a discutir a adesão da Ucrânia à União Europeia, mas só depois do fim da guerra. Enquanto isso, em Gaza, continuam os massacres e o genocídio do povo palestino. Os americanos e europeus, cinicamente, seguem reafirmando o direito de Israel a defender-se e fazem ridículos apelos para que Israel poupe a população civil. A pedido dos países árabes, nova resolução será discutida no desmoralizado Conselho de Segurança da ONU, prevendo-se mais um veto dos americanos.
As nossas previsões sobre a marcha do ciclo econômico no Brasil e no mundo mantêm-se atuais. Os dados publicados na semana apontam para a continuação da desaceleração das economias, embora todos afirmem que a possibilidade de uma recessão geral diminuiu, mas haverá “um pouso suave”. As estatísticas indicam que estamos vivendo uma crise complementar, já que a passada não cumpriu sua função saneadora, em boa parte, por causa das perturbações causadas pelo COVID-19 e pelas guerras. O capitalismo reorganiza sua globalização e cria novos canais de comunicação, para retomar seu processo de acumulação. O FMI, o Banco Mundial e a OCDE preveem dificuldades. A OCDE é a mais pessimista e faz estimativas muito negativas para o Brasil, o que provocou protestos do presidente Lula. Por seu lado, o Banco Mundial prevê, para 2004, crescimento de 1,3% e o Banco Central estima em 2,2%, apesar do corte da Selic, para 11,75% (ainda muito alta). Para este ano de 2023, o BC reduziu sua previsão, de 3,2%, para 3,0%. O setor de serviços está contribuindo para esta desaceleração. Em outubro, houve uma queda de -0,6%, em relação a setembro, sendo a terceira queda consecutiva. Em três meses, a queda acumulada é de -2,3%. O varejo também mostrou desaceleração, caindo -0,3%, o restrito, e -0,4% o ampliado.
Quanto à inflação, a situação parece menos preocupante. A nível mundial, ela está em desaceleração. No Brasil, o próprio Ministério da Fazenda reduziu suas previsões, de 4,85%, para 4,66%. A desaceleração da economia mundial e as políticas de aperto monetário dos Bancos Centrais do mundo estão contribuindo para isto. Por outro lado, a crise interna da China, que reprimiu o consumo interno, provocou a acumulação de grandes estoques de produtos, que agora estão sendo lançados no mercado internacional, a preços muito reduzidos, o que pressiona para baixo os preços internacionais.
Uma notícia, que foi comemorada pelo governo, foi a elevação da nota de rating atribuída ao Brasil por mais uma agência internacional, a Standard & Poors (S&P), que elevou sua classificação de BB- para BB*, faltando apenas um grau para o país passar, da zona de “Grau de especulação”, para a zona de “Grau de investimento”. Foi a segunda agência a fazer esta elevação. Antes a Fitch havia tomado decisão semelhante. Este e outros acontecimentos positivos, como a aprovação da reforma tributária, contribuíram para criar um clima de euforia e, como costuma acontecer, a bolsa subiu e o dólar baixou.
Por outro lado, o governo continua enfrentando o reacionarismo do Congresso, que derrubou vários vetos do presidente, entre eles o marco temporal das terras indígenas. O próprio ministro da agricultura licenciou-se, e assumiu seu mandato parlamentar, para mostrar sua cara ruralista conservadora. A aprovação de qualquer projeto de interesse do país e do povo só sai na base da compra. São uns sanguessugas.
Torna-se muito difícil governar com esta maioria reacionária a morder os calcanhares. Vamos ver se criamos vergonha na cara e começamos a votar de modo diferente nas próximas eleições municipais.
Mas, não prevendo boas notícias para 2024, desejamos, pelo menos, um bom Natal.