É o fim de Bolsonaro?

Mesmo com a sua notória limitação cognitiva, Jair Bolsonaro (PL) sabia, desde as primeiras pesquisas eleitorais, que seria derrotado nas urnas na eleição presidencial de 2022 e que ficaria inelegível por um largo período.

Seus sistemáticos ataques contra o sistema eleitoral brasileiro e suas ameaças ao ministros do STF são provas cabais de que estava ciente dos riscos que corria. Mas, mesmo assim, porque agiu dessa maneira?

A resposta é simples e complexa, como tudo na política. Bolsonaro tem profundo desprezo pela democracia. Durante toda a sua trajetória política, seja como deputado federal, seja como presidente da República, sempre posicionou-se como um defensor intransigente da ditadura militar, da violência politica e da tortura, simbolizadas pelo coronel Ustra, notório torturador.

Sendo assim, ele não poderia abandonar seus princípios políticos, sob o risco de perder apoio nos setores mais radicalizandos da direita, que conspiravam e tramavam um golpe Estado que, por falta de apoio popular e e respaldo do Alto Comando do Exército, fracassou no dia 8 de janeiro.

Traço caracteristico da sua personalidade, o autoritarismo propagado por Bolsonaro mobilizou importantes segmentos da sociedade e lhe deu vitórias sucessivas que o levou ao Palácio do Planalto. Fazer o jogo democrático, respeitando as regras e as instituições, são comportamentos antagônicos do seu modo de ser e dos seus seguidores mais fanatizados.

A ilegibilidade por 8 anos, aprovada no TSE, não significa o seu fim político. Bolsonaro tem força e prestígio entre os setores conservadores que, trabalhados de maneira hábil e permanente, poderão dar-lhe uma sobreviva política, o transformando no principal cabo eleitoral dos candidatos dos partidos de direita na próxima eleição.