Crime perfeito!
Enquanto escrevo estas palavras, já são 56 mortos e milhares de desabrigados na tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul. A maioria deles já vivia mergulhado na pobreza. E não se pode culpar Deus nem tampouco a natureza pelos acontecimentos.
A total responsabilidade é do sistema capitalista que estamos enredados até o pescoço, no seu atual patamar de desenvolvimento predatório do meio ambiente.
Desde o final do século XVIII, quando explodiu a Revolução Industrial na Inglaterra e ela espalhou-se pela Europa, o mundo foi tragado pelo ritmo vertiginoso da produção em larga escala e consumismo desenfreado. Desde lá, rios foram poluídos, florestas viraram fumaça e a temperatura não parou de subir.
No século XIX, para incorporar os demais continentes nessa dinâmica de produção, consumo e destruição, os impérios coloniais europeus (Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Itália) massacraram milhões de africanos e asiáticos ocupando suas terras, extraindo suas matérias-primas e os transformando em trabalhadores assalariados, obrigados a comprarem os produtos europeus. Mais destruição e poluição, agora fora da Europa.
A produção capitalista precisa de uma massa cada vez maior de trabalhadores-consumidores. Sem eles, o sistema entra em colapso. Enquanto isso, uma minoria se locupleta da miséria da maioria. Essa é a lógica cruel do capitalismo predatório.
No século XXI, Estados Unidos e China, as duas maiores potências econômicas do mundo, são as que mais poluem o planeta. Não é mera coincidência. Desenvolvimento econômico virou sinônimo de poluição e aniquilamento da natureza. Quanto maior é a produção de mercadorias, mais intenso é o impacto ambiental.
O sistema capitalista nos integrou. Estamos todos conectados nessa tragédia anunciada. Se não mudarmos a forma de produzir e consumir, essência do capitalismo atual, marcharemos para o destruição total da humanidade. Vítimas e algozes sucumbirão juntos. Será o crime perfeito.