Brasil: Ameaça Global
Lúcio Flávio Vasconcelos
O Brasil ultrapassou a estarrecedora marca de 350 mil mortos ceifados pela Covid-19 e irresponsabilidade governamental. No exterior, o país deixou de ser interpretado como a terra do carnaval, do futebol e do samba. Agora passou a ser encarado como a nação do coronavírus. Tornou-se epicentro da pandemia mundial.
Em Portugal, na virada do ano, a situação também havia ficado assustadora. Em 28 de janeiro, o país registrou o número de 303 mortos num único dia. A maior taxa de vítimas fatais no mundo por milhão de habitantes. Hospitais lotados, falta de leitos em Utis. Caos na saúde.
Diante do colapso, o governo português agiu energicamente. Seguindo as diretrizes da comunidade científica, fechou o comércio não essencial, suspendeu as aulas presenciais em todos os níveis, encerrou os cultos religiosos e proibiu a circulação entre os concelhos nos finais de semana.
Paulatinamente, as mortes começaram a diminuir. Passados quase três meses de lockdown, Portugal desponta como o país com a menor taxa de mortos em toda a Europa. Em todos os contatos acadêmicos que tive nesse período, sempre me indagaram onde o Brasil errou.
A pergunta é sempre a mesma. Por que o governo brasileiro não adotou as medidas básicas para estancar o crescente número de mortos? A resposta não pode ser diferente. O presidente Bolsonaro e seus seguidores são negacionistas.
Desde o início da pandemia, eles combatem as medidas de isolamento social e desaconselham o uso de máscara. Para piorar a situação, o governo federal descuidou da compra de vacinas em quantidade necessária.
O Brasil está isolado do mundo. Transformou-se, por culpa dos seus dirigentes, numa ameaça sanitária global, com consequências econômicas e sociais imprevisíveis a longo prazo.