As razões do impeachment
Um processo de impeachment é legal e democrático. Está previsto na Constituição Federal do Brasil. Mas, para que ele ocorra, tem que haver um conjunto de fatores que extrapole o legítimo desejo de justiça. O impeachment é, antes de tudo, um julgamento politico.
Primeiro, tem que existir crime de responsabilidade do presidente. Segundo, uma forte crise econômica, política e social que esvazie seu apoio na sociedade. Terceiro e mais decisivo: a perda de apoio da maioria dos deputados federais e senadores.
Collor de Melo e Dilma Rousseff não caíram em razão apenas da crise econômica, mobilização social ou erros na presidência. Sofreram o impeachment por não terem cedido às pressões dos políticos do Centrão, os mesmos que mandam no país desde sempre.
Que Bolsonaro cometeu vários crimes durante o seu mandato de presidente é público e notório. Os corriqueiros ataques à democracia, os desmandos no enfrentamento à pandemia, a prevaricação e os indícios de corrupção já seriam suficientes para que ele terminasse os seus dias na cadeia. Mas a questão é política.
Ainda faltam dois elementos primordiais para que o processo do impeachment contra ele ganhe força: uma mobilização social avassaladora e que o Centrão, pragmaticamente, o abandone.
A mobilização social começou. Precisa ganhar mais musculatura e intensidade para assustar os políticos profissionais, sempre de olho na próxima eleição.
Por último e mais importante: é preciso que o Centrão abandone Bolsonaro, como fez com Collor e Dilma. Do contrário, continuaremos contando os mortos e tomando vacinas vencidas por um longo e tenebroso período.