A nova direita em Portugal
Lúcio Flávio Vasconcelos –
Durante quarenta e dois anos, a terra do Fado, de Fernando Pessoa e de José Saramago, amargou uma ditadura fascista, autodenominada Estado Novo, comandada por Antônio de Oliveira Salazar, professor da Universidade de Coimbra.
Entre 1932 e 1974, o regime Salazarista prendeu opositores, massacrou os povos das suas colônias na África e sufocou os anseios democráticos.
Com a Revolução dos Cravos, ocorrida em 1974, Portugal voltou a respirar a liberdade política. Teve início a era de construção da democracia.
Mas o populismo de direita, tão forte em outros países da Europa como Itália, França e Alemanha, passou a ganhar força em Portugal, principalmente depois da Grande Recessão de 2008.
Em 2019, foi formado o partido Chega. Com um discurso xenófobo contra a comunidade cigana, postura anti-imigração, nacionalista e crítico ácido da União Europeia, o Chega conseguiu eleger apenas um parlamentar para a Assembleia Nacional, André Ventura, com grande prestígio nos grupos políticos de direita.
Presidente do Chega, André Ventura surpreendeu os analistas políticos com o rápido crescimento da sua musculatura política.Na eleição presidencial ocorrida em 24 de janeiro deste ano, em plena epidemia, ele ficou em terceiro lugar, amealhando 11,93% na preferência do eleitorado português, ultrapassando forças de esquerda como PCP (4,31%) e Bloco de Esquerda (3,96%).
O próximo desafio para o Chega é ocupar mais espaços políticos na sociedade e apresentar-se como uma alternativa viável à hegemonia do Partido Socialista, de centro-esquerda, que governa o país desde 2015.