A face da nova direita paraibana
Ronaldo Cunha Lima foi eleito vereador de Campina Grande e deputado estadual da Paraíba por dois mandatos consecutivos pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o partido político mais progressista do Brasil entre 1945 e 1964. Em 1968, já no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Ronaldo foi eleito prefeito de Campina Grande, segunda maior cidade do estado. Em 14 de março de 1969, por força do AI 5, o famigerado Ato Institucional que endureceu a ditadura militar, Ronaldo Cunha Lima foi cassado e amargou o ostracismo por dez anos, até ser anistiado em 1979.
Ao ter seus direitos recuperados, Ronaldo retomou sua carreira política e, em 1982, foi reconduzido à prefeitura de Campina Grande pelo voto popular. Foi eleito governador da Paraíba em 1991, senador em 1995 e deputado federal pelo PSDB, partido que ajudou a fundar. Poeta, amante das artes e defensor de pautas progressistas, Ronaldo maculou sua biografia com o atentado contra o ex-governador Tarcísio Burity.
Pedro Cunha Lima (PSDB), neto de Ronaldo, é o herdeiro político do clã iniciado pelo avô. Filho do ex-senador Cassio Cunha Lima, começou sua carreira política já como deputado federal, eleito em 2014 com 179.886 votos. Pedro sagrou-se o mais votado, com 9,29% do total dos votos. Em 2018, foi reeleito com 76.754, bem abaixo do número alcançado no pleito anterior.
Diferentemente do seu avô, Pedro Cunha Lima tem assumido posturas políticas cada vez mais conservadoras. Não se percebe em seus poucos pronunciamentos críticas aos desmandos do atual governo federal nas áreas de educação, saúde e meio ambiente. Na página oficial da Câmara dos Deputados, consta que Pedro apresentou apenas uma proposta legislativa em 2022, em conjunto com outros 23 deputados.
Pedro Cunha Lima é pré-candidato ao governo do estado pelo PSDB. Tem como candidato ao senado o também deputado federal Efraim Filho (União Brasil). Ambos foram recepcionar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o mesmo que exalta a aplicação do AI 5, achincalha a classe política, canta loas à ditadura e prega o fechamento do STF, guardião constitucional dos direitos democráticos duramente conquistados pela maioria do povo brasileiro.
Na perspectiva de angariar votos no grupos de extrema direita, Pedro Cunha Lima se aproxima de Jair Bolsonaro, considerado em todas as pesquisas eleitorais como o pior presidente da história do país e profundamente rejeitado pela maioria da população paraibana.
Pedro comete o mesmo erro estratégico realizado por Romero Rodrigues, também do clã Cunha Lima. Romero tentou se lançar candidato a governador defendendo Jair Bolsonaro, mas terminou inviabilizando sua aceitação, em boa parte, pela rejeição a Bolsonaro entre os paraibanos. Talvez se Ronaldo Cunha Lima ainda estivesse vivo, o rumo político do neto seria outro.