A extrema direita avança
A Europa é o berço da democracia. Foram os atenienses, na antiguidade clássica, que deram início aos fundamentos democráticos. Mas o aperfeiçoamento desses princípios não evoluíram de maneira linear. De tempos em tempos, forças antidemocráticas surgem e ameaçam as suas bases.
Assim como no início do século XX a democracia liberal foi abalada pelos totalitarismos nazifascista e stalinista, nas primeiras décadas do século XXI assistimos à ascensão de líderes autoritários que solapam perigosamente a estrutura política dos países democráticos.
Os exemplos de personagens autoritários, infelizmente, são muitos. Viktor Orbán (Hungria), Vladimir Putin (Rússia), Donald Trump (Estados Unidos), Jair Bolsonaro (Brasil) e Javier Milei (Argentina) são os mais notórios. Todos eles possuem forte apoio nas diversas camadas sociais.
Como afirma o cientista político Yascha Mounk, no seu livro O povo contra a democracia, os populistas de direita chegam ao poder não através de golpes políticos, mas, sim, mediante processos eleitorais formais e com grande respaldo popular.
Recentemente houve eleições em 27 países da Europa para escolher os integrantes do Parlamento Europeu. Nos três principais países da União Europeia (França, Alemanha e Itália), membros da extrema direita tiveram ampla votação, principalmente do eleitorado mais jovem.
O medo de uma guerra, a falta de empregos e a xenofobia contra imigrantes asiáticos e africanos foram os principais motivos que deram grande votação para a extremistas de direita. O discurso de ódio contra estrangeiros e desencanto com a União Europeia têm impulsionado uma escalada autoritária.
A democracia liberal que conhecemos não será a mesma nos próximos anos. Caso as instituições não reajam contra os políticos autoritários, corre sério risco de desaparecer, ironicamente, por força do voto popular.
Por Lúcio Flávio Vasconcelos – colunista do Política por Elas