Análise de riscos do clima de João Pessoa prevê aumento de ondas de calor e proliferação de vetores de doenças nos próximos anos
A Secretaria de Meio Ambiente (Semam) da Prefeitura de João Pessoa apresentou no fim da tarde desta quarta-feira (17), em audiência pública no auditório do IFPB, bairro de Jaguaribe, os resultados da análise de riscos e vulnerabilidades que servirão de base para a elaboração do Plano de Ação Climática (PAC) do Município. É esse documento que vai nortear as ações e medidas a serem tomadas para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa. O objetivo é também adaptar e planejar a cidade para o enfrentamento às alterações climáticas e seus efeitos.
Os estudos começaram em novembro de 2021 e levaram em conta os riscos de inundações, deslizamentos, aumento do nível do mar, proliferação de vetores de arboviroses, secas e ondas de calor com projeções para 2030, 2050 e 2070. Toda a coleta de dados foi feita pelo Consórcio WayCarbon/Iclei em parceria com a Defesa Civil e mais sete secretarias. Áreas rurais e urbana foram mapeadas.
Conforme o mapeamento, as áreas de maior densidade demográfica estão ao Norte da cidade, como os bairros do Grotão, São José, Varjão, Mandacaru e Padre Zé, e na região Central. As regiões menos densas apontadas na análise, com áreas verdes de preservação, estão no Distrito Industrial, UFPB e Centro Histórico. Com um detalhe: “o Centro tem um risco alto para ondas de calor porque a população está ali circulando”, frisou Rosângela Silva, uma das especialistas da WayCarbon.
No que diz respeito às vulnerabilidades, dois fatores foram analisados: sensibilidade e capacidade de adaptação, com foco no déficit habitacional, na área urbana, no acesso à água, a esgoto, à saúde e renda, por exemplo. Áreas mais críticas, conforme a análise, são Alto do Céu, Oitizeiro, Cruz das Armas, Cristo Redentor, Grotão João Paulo II, Gramame, Muçumagro, Torre, Castelo Branco, Miramar e São José.
“A intenção foi verificar onde, simultaneamente, a população é altamente sensível a uma ameaça e tem pouca capacidade para lidar com o problema. Com esse estudo, a gente consegue identificar a intensidade das mudanças climáticas no Município e agir antes dos problemas acontecerem”, destacou José Janduí Júnior, chefe da Divisão de Estudos Climáticos da Semam.
Diagnóstico – A conclusão do estudo é de que a incidência de chuva deve diminuir na cidade até 2070, com aumento do risco de secas. Há uma tendência de aumento da temperatura média, que pode chegar a 1,1ºC, da elevação do nível do mar, e da proliferação de vetores de doenças.
“A gente termina o diagnóstico e a partir disso começa a construir o Plano. De agora para frente é muito importante o envolvimento de todas as secretarias da Prefeitura e da população porque o Plano é para a cidade, então precisa ser construído com a cidade”, pontuou Rosângela Silva.
Prazo – O Plano de Ação Climático foi contratado por meio do Programa João Pessoa Sustentável, que tem o objetivo de promover o desenvolvimento social, econômico e ambiental da cidade. O Consórcio tem 18 meses, contando a partir início dos estudos, para entregar o documento, o que está previsto para abril de 2023.
Consórcio – A WayCarbon é uma empresa de consultoria e desenvolvimento de soluções para a sustentabilidade, gestão de ativos ambientais e desenvolvimento de estratégias com o objetivo de uma maior ecoeficiência e economia de baixo carbono. O Iclei – Governos Locais pela Sustentabilidade – é uma rede global com mais de 2.500 governos locais e regionais, comprometidos com o desenvolvimento urbano sustentável. Atua em mais de 125 países, contribuindo com as políticas de sustentabilidade, impulsionando ações para redução das emissões de carbono, sempre respeitando a natureza, de maneira equitativa, resiliente e circular.