Opinião

Convenções partidárias: apenas PSTU tem vice definida; PSDB dá sinais de que terá, também, uma mulher como vice

As convenções partidárias começaram com  incertezas que são típicas no campo da disputa majoritária. A maioria dos candidatos ao governo chegou até aqui com chapas indefinidas, o que decorre, entre outras coisas, da natureza das composições – em um cenário extremamente heterogêneo, acomodar os interesses de todos é matemática complexa. Exatamente por isso, historicamente, há decisões tomadas nos minutos finais do segundo tempo. Foi assim em 2014, só pra citar um exemplo, com a escolha de Lígia Feliciano para vice de Ricardo Coutinho. Apesar de não ser o grupo político mais forte de Campina Grande (longe disso), a construção da chapas na disputa pelo Executivo respeitou algo peculiar em terras paraibanas: equilibrar a representação dos dois maiores colégios eleitorais do estado.

Não que seja sempre assim, mas há um método nisso: tornar a chapa mais competitiva, entrar em mais regiões e, com isso, ampliar a possibilidade de votos. Geralmente é uma construção mais pragmática e que torna-se tendência à medida em que se registram novos atores na esfera partidária e sua ocupação no debate anteriormente restrito a legendas tradicionais. O fortalecimento de siglas antes inexpressivas a partir de 2018 e as mudanças recentes nas regras eleitorais de modo a reduzir a pulverização partidária tornou a dinâmica das disputas mais acirrada. As federações e fusões são a expressão dessa nova dinâmica e a prova de que o ecossistema político-partidário pode se renovar de modo a reconhecer os novos arranjos.

É com essa nova realidade que as convenções partidárias chegam com tantas perguntas sem respostas. As siglas que estão com candidatos na majoritária devem postergar seus anúncios porque ainda há muito ponto sem nó nas costuras. O candidato à reeleição, João Azevêdo, por exemplo, em entrevista a uma rádio pessoense, diz que já tem seu elenco formado e que o divulgará até 5 de agosto, data da convenção do PSB. Há meias verdades nesse discurso. João espera, ainda, por uma posição do PT que forma uma Federação com PC do B e PV e não tem autonomia para decidir, sozinho, com quem vai e onde fica.

E tudo está emaranhado. O MDB também depende da decisão da Federação PT-PC do B-PV. A palavra final sobre a chapa emedebista, que já não logra mais força para lançar uma puro-sangue, está vinculada ao cenário que gira em torno do PT. Veneziano tem candidato ao Senado: Ricardo Coutinho. Não tem vice, ainda. Declarou apoio a Lula e não à candidata de seu partido, Simone Tebet, e não tem decolado nas pesquisas feitas aqui. Sendo assim, não seria estranho se, daqui pra cinco de agosto, mudasse de rota. Há rumores de uma possível composição com João.

No PL, Nilvan Ferreira já tem um candidato ao Senado: Bruno Roberto (PL) foi o escolhido em detrimento do pastor Sérgio Queiroz (PRTB). Ainda sem vice, deve optar por alguém de Campina Grande. Seu principal cabo eleitoral é Bolsonaro e, dentro da extrema-direita, o radialista e apresentador tem sido unanimidade. Considerado pouco competitivo em uma escalada estadual, pode surpreender exatamente por trazer consigo a força que o presidente tem. Em 2020, na disputa pela prefeitura de João Pessoa, Nilvan chegou no segundo turno. Por mais que esta campanha tenha outra dinâmica, negligenciar esse histórico e o fator personalístico que decide muito votos é ingenuidade.

A única dentre as maiores campanhas – considerando densidade eleitoral dos candidatos e siglas – que chega nesse estágio com nomes para Senado (Efraim Filho/UB) e para vice já conhecidos é a de Pedro Cunha Lima (PSDB). Os postulantes a vice do tucano são o ex-deputado Domiciano Cabral e a empresária Melca Farias, presidente da Associação Comercial da Paraíba. Ambos de João Pessoa. Um já é velho conhecido do eleitor paraibano e é presidente da Federação PSDB/Cidadania na Paraíba. A outra trabalha no segmento de importação e exportação e, embora não seja experimentada nas urnas, atua em movimentos políticos há anos. Melca é presidente do Fórum de Mulheres de Negócios na Paraíba e integra o grupo Mulheres do Brasil, presidido pela empresária Luiza Heleno Trajano, do Maganize Luiza.

Há alguns elementos presentes que, certamente, serão levados em consideração – ou, pelo menos, deveriam ser: Domiciano teve o nome envolvido no escândalo da “Farra das Passagens” junto com outros 442 parlamentares e foi denunciado por peculato pelo Ministério Público, em 2016. A mulher dele, Sara Cabral, foi condenada por desvio de dinheiro público quando prefeita de Bayeux, na região metropolitana de João Pessoa. Isso pesa contra o discurso de Pedro, sustentado na base da renovação e na luta contra a corrupção. Melca, por sua vez, é um nome com forte capacidade de aglutinação no setor produtivo, tem um trânsito importante em diversos segmentos e ainda dialoga com pautas voltadas para o desenvolvimento de negócios femininos. Não é nenhuma escolha de Sofia ou, pela soma que traria, não deveria ser. Mantendo a candidatura, Pedro precisa de votos. Quem seria, nesse aspecto, mais valioso?

De todo modo, saberemos nos próximos dias. A Federação PSDB-Cidadania fará sua convenção no dia 31. MDB em 4 de agosto; PSB, dia 5; PL, também no dia 5, assim como a Federação PT-PC do B-PV. A do PSTU, já com vice definida, a Alice Maciel, será próximo sábado (23); do PRTB no dia 28. Só a data do PSOL está em aberto em função da Federação com Rede Sustentabilidade não ter sido oficializada.