Opinião

No sertão da Paraíba: forças novas e tradicionais se unem pela Saúde

O sertão paraibano foi palco de uma série de eventos políticos no fim de semana. Em diferentes cidades, lideranças locais anunciavam apoio a pré-candidatos em eventos públicos. Uns esvaziados – caso de Sousa, que recebeu Pedro Cunha Lima (PSDB) e sua comitiva; outros bem prestigiados – caso de Princesa Isabel, município que há muito carece de representação no parlamento apesar de sua tradição política. Foram movimentos distintos que indicam a importância da região em um cenário de disputa eleitoral.

Me fixarei em Princesa Isabel, a 412 km de João Pessoa, pelo motivo mencionado. Lá, o médico e pré-candidato a deputado estadual Dr.Aledson (União Brasil) reuniu lideranças locais e estaduais com expressivo capital político-eleitoral: ex-prefeitos, vereadores, deputados… Os federais Leonardo Gadelha (PSC) e Efraim Filho, pré-candidato ao Senado e presidente do União Brasil na Paraíba, estavam lá acompanhados do deputado estadual Taciano Diniz, do mesmo partido. Uma presença, em particular, chamou atenção, a de José Pereira. Ele rompeu com o prefeito Ricardo Pereira e declarou apoio ao médico: “se depender do meu voto, se você tiver apenas um voto em Princesa, esse voto é meu”, disse.

Os Pereira têm forte tradição na política da Paraíba. Foi o Coronel Zé Pereira, nos idos de 1930, que liderou a Revolta de Princesa. Um levante contra o governo de João Pessoa, então presidente da Paraíba, e seu projeto de reestruturação político-administrativa que mudava a política tributária do estado e deslocava a hegemonia do comércio para a capital. No fim da década de 50, Princesa elegeu Aloysio Pereira deputado e o teve como representante por quatro mandatos.

Na Assembleia Legislativa, Princesa Isabel, que integra a região da Serra do Teixeira, teve ainda outro representante na década de 90: Nominando Diniz. De lá pra cá, a região não elegeu mais ninguém. Dr. Aledson surge com um caminho bem traçado na construção de um projeto com grande probabilidade de vitória por dois motivos básicos: 1) capacidade de aglutinação de forças centrípetas, isto é, que giram em torno dele; 2) projeto sólido voltado para a saúde que foi municipalizada anos atrás, perdeu recursos e fôlego para o atendimento das demandas locais. Em Princesa Isabel não há saúde de alta e média complexidades, faltam maternidade, centro de hemodiálise, UTI. E é justamente a saúde, segundo pesquisa DataFolha, que lidera o topo da lista de preocupações do brasileiro, sendo apontada por 45% dos entrevistados.

É fato que a política não deve ocupar o lugar da saúde, mas deve andar de mãos dadas com ela em nome do avanço e da qualidade de vida da população. Os sertões da vida, já castigados pela seca, precisam de um olhar integral e não apenas circunscrito ao tempo da eleição. Independentemente das realidades domésticas de cada município brasileiro que apareceu na pesquisa acima mencionada, é certo afirmar que os efeitos deletérios da pandemia da covid-19 atingiram a todos sem pena, foram acentuados pela corrupção, e demandarão muita energia e boa vontade para serem combatidos. Alianças que congreguem desse propósito merecem atenção se imbuídas do desejo de atacar o atraso e promover o bem das pessoas. A pauta da Saúde – das pessoas e das gestões – deve ser prioridade na agenda política.