Opinião

A gestão de Queiroga no fantástico mundo de Wellington Roberto

O deputado Wellington Roberto, presidente do PL na Paraíba e líder do partido na Câmara Federal, esteve na coletiva de imprensa do ministro Marcelo Queiroga neste sábado (15), em João Pessoa, e defendeu uma candidatura do médico (ainda sem partido) nas eleições deste ano. Sob a ótica do deputado, “Marcelo hoje tem potencialidade de ser candidato a governador, senador, deputado federal, o que ele quiser”.

Pesquisas dão conta, no entanto, que otimismo e realismo não cabem na mesma frase quando o assunto é Queiroga. Na mais recente pesquisa do Instituto Ipesp, realizada de 10 a 12 deste mês, as avaliações da gestão da pandemia pelo governo federal são desastrosas: 57% dos brasileiros dizem que é ruim ou péssima. E não é só porque deixaram vencer R$ 240 milhões em estoque farmacológico ou R$ 12 milhões de doses de vacina contra gripe, hepatite B e varicela. O buraco é ainda mais fundo (e triste). O resultado da pesquisa é um retrato da gestão do paraibano, na pasta há quase 1 ano.

Embora tenha herdado os malfeitos de seu antecessor Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga tem seguido seus passos. Por isso foi chamado de ‘Pazuello de bata” pelo presidente da CPI da Covid-19 no Senado, Omar Aziz. Como médico tem sido um ótimo soldado: para agradar Bolsonaro, criticou a obrigatoriedade do uso de máscaras, as medidas de distanciamento social e, mais recentemente, fez de tudo para retardar o início da vacinação de crianças contra a Covid em flagrante oposição à ciência. Tudo isso depõe contra ele e desmente uma outra afirmação de Wellington Roberto: a de que Queiroga deu “estabilidade à saúde” no país.

Essa é mais uma daquelas histórias sobre pontos de vista que escapam à realidade com intuito de desinformar. Não fossem o Congresso Nacional, a atuação coordenada de governadores e prefeitos em favor da ciência, da saúde e da vida amparada por decisão do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a competência concorrente de estados, municípios e Distrito Federal no combate à Covid-19, a crise sanitária teria ceifado ainda mais vidas. Parte expressiva da população já reconhece isso, ou, pelo menos, a incompetência do governo federal e de Queiroga.