Cabedelo: o verão em um ‘novo normal’ mais velho nunca
Não é de hoje que se fala em ‘novo normal’. A pandemia da Covid-19 vem nos impondo desafios diários há quase dois anos. Em face da crise sanitária, gestões estaduais, incluindo o governo paraibano, têm desenvolvido esquemas de flexibilização das atividades econômicas e das dinâmicas sociais com base na ampliação da cobertura vacinal e na ocupação hospitalar. Afinal, é preciso aprender a conviver com o vírus mortal, com as perdas e o luto. No mais, há empregos em jogo, histórias em risco. A pandemia ampliou a fome, a violência doméstica, trouxe recessão, inflação, estagnação. Pequenos negócios quebraram e ficaram à deriva de políticas públicas que acabaram direcionadas aos grandes. Como aqueles são a espinha dorsal da economia brasileira, o país envergou e caiu doente.
Nesse cenário de desolação, a pressa para se reerguer e dar a volta por cima é compreensível. Dias fechados significam prejuízo para comércio, serviços, turismo… Mas a pressa é íntima dos malfeitos e dela não se tira muita serventia. Gestores que cederam à pressão de segmentos econômicos para retomada das atividades sem a devida cobertura vacinal viram os casos de Covid pipocarem e sobrecarregarem o sistema de saúde. Com mais doentes e mortos, foram obrigados a voltar a atrás. Esse é um ponto crucial na coisa pública: uma única decisão impacta na vida de milhares ou de milhões, para o bem e para o mal. O bem da coletividade deve prevalecer.
Ainda que estados e municípios estejam acelerando a aplicação das doses de reforço da vacina, o surgimento da ômicrom, a nova variante da Covid, mostra que é prematuro baixar a guarda. Os casos de transmissão da doença e de internações vêm aumentando. Além disso, o país enfrenta surto de Influenza com uma nova cepa, a H3N2. Até sábado (8), a Paraíba havia registrado 116 casos de contaminação de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES/PB). Um número subnotificado dada a quantidade de pessoas ainda não testadas e de testes não subtipados.
Gestores públicos não poderiam ignorar isso. Na prática, a conversa é outra. Muitos dos que cancelaram festas públicas de fim de ano autorizam eventos privados sob pretexto de ambiente controlado. Caso de Cabedelo, na grande João Pessoa. Desde dezembro, o município liberou shows com 100% de lotação e sedia, agora, na praia de Intermares, shows com megaestrutura para quem pode pagar. Não há outra lógica senão a do capital. É o estado refém de um mercado. Um normal que não tem nada de novo, que incentiva comportamentos de riscos e banaliza o mal.
O verão em Cabedelo está ‘on’ com três grandes festivais e o garoto-propaganda é o próprio prefeito, Vitor Hugo, represente do município que é responsável pela fiscalização. O último vídeo postado por ele no sábado, durante show do cantor Bel Marques, pegou tão mal que foi excluído pouco tempo depois. Apagou porque havia flagrante desrespeito às normas sanitárias. O registro, contudo, já viralizou. E antes que falem que há hipocrisia na crítica aqui levantada, é preciso deixar algo muito claro: a discussão não está na defesa da paralisia das atividades em razão da pandemia. Pelo contrário! Está no equilíbrio entre a necessidade de seguir adiante sem abrir mão da cautela. Afinal, o preço cobrado pela irresponsabilidade pode ser alto demais.
Não é de se admirar, Vitor Hugo é um grande palhaço, que vem transformando Cabedelo em seu circo particular.
É um grande absurdo. Se só os participantes do evento fossem infectados não teria problema, mas não é assim.s
Muito errado. Poderiam aproveitar para dar exemplo de prevenção e cuidados para que o segmento voltasse reinventado é mais forte. Colaborando para entreter o povo diante de uma
Pandemia tão cruel ao invés de contribuir para a reinfecção e o aumento de casos