Em Sapé, festa política expõe multidão ao coronavírus
Praça lotada para comemorar os 96 anos de emancipação política de Sapé, no interior da Paraíba, ao som de Ávine Vinny, Douglas Pegador e Mara Pavanelly. A festa ocorreu na terça-feira (30), justo no momento em que uma nova variante do coronavírus volta a preocupar o mundo, com registro de sua incidência, inclusive, no Brasil.
A prefeitura divulgou nota onde afirma que o evento “seguiu todos os protocolos sanitários determinados pelas autoridades de saúde, incluindo o Decreto Estadual 1.907/21, publicado no último dia 20 de novembro, que disciplina a realização de eventos na Paraíba. O município cumpriu ainda as recomendações do Ministério Público, que acompanhou todo o planejamento, assim como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar”.
A justificativa para a festa, segundo a Prefeitura de Sapé, está na necessidade de aquecer o comércio e a economia – uma reprodução do discurso que tomou corpo na época das medidas mais restritivas adotadas pelo governo, quando a economia ‘apareceu’ como antagonista da saúde, uma relação que, definitivamente, não procede. É importante incentivar a retomada dos negócios, em especial os pequenos que sofreram – e ainda sofrem – com a pandemia e a paralisia em boa medida do setor, mas não a qualquer custo.
A proporção do evento, endossado pelo Ministério Público, naturalmente atrairia uma multidão. Como controlar a turba? Como assegurar o uso da máscara, o distanciamento social? Impraticável. Não à toa o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, classificou o evento como “precipitado e indevido”.
A Prefeitura alega ainda que houve dois grandes eventos antes deste sem que fosse registrado aumento nos casos de Covid-19 no município. De acordo com dados do Vacinômetro do governo do estado, 71,5% da população local já receberam dose única e/ou duas doses de vacina, o que corresponde à meta estipulada pelo Organização Mundial da Saúde.
O momento, contudo, é de vigilância em face do recrudescimento da pandemia. Vacinas salvam vidas, mas não dispensam protocolos básicos de segurança em tempos de guerra. A Europa, por exemplo, já sente os efeitos do “libera geral”, fala em quarta onda da Covid-19 e não afasta a possibilidade de um novo lockdown.
Em Sapé, a festa em grande estilo – com gente amontoada e sem máscara – é um convite ao retrocesso. As imagens falam por si e trazem um enredo que contraria todo o bom senso. Em tempo: os decretos que autorizam eventos/shows com 100% de lotação a partir de 21 de dezembro também.
Paira no ar um inimigo ainda não controlado. Baixar a guarda agora trará consequências, inclusive de ordem econômica em futuro próximo. Aglomeração é um grande risco, já a precaução não faz mal a ninguém. A palavra de ordem é cautela. Seguro morreu de velho.