O perigo do jogo sem entrosamento da oposição na Paraíba
Para se fazer um bom time, é preciso bons jogadores, entrosamento, muito treino e bom técnico. Na Paraíba, o posição parece tá meio sem paciência para isso. Tanto que durou pouco mais de três meses a união e o consenso fechado sobre um nome para bater de frente com João Azevêdo nas eleições de 2022.
Naquela segunda- feira, 21 de junho deste ano, representantes de sete partidos que compõem o bloco de oposição na Paraíba se reuniram em torno do nome do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, como o candidato pré-candidato ao governo do estado, como mostra a foto.
“De forma efetiva e clara nós teremos candidato e hoje gira em torno de Romero Rodrigues”, declarava o deputado Walber Virgulino na época.
Estiverem nesse encontro o ex-prefeito de Campina, Romero Rodrigues, os deputados Pedro Cunha Lima (PSDB), Ruy Carneiro (PSDB), Tovar (PSDB), Camila Toscano (PSDB), Wallber Virgolino (Patriota), Cabo Gilberto (PSL), Leonardo Gadelha (PSC), Anderson Monteiro (PSC), o comunicador e presidente do PTB, Nilvan Ferreira e o o secretário do governo Bolsonaro, Sérgio Queiroz.
Naquele momento, todos voltaram atenção para essa composição, é verdade. O time estava quase fechado. Mas a ideia de um palanque diverso, como defendeu o deputado federal Ruy Carneiro, começou a se esvair já em agosto. O A disputa nacional começou a interferir bastante nessa composição local. Bastou o nome do ex-presidente Lula aparecer com alguma vantagem nas pesquisas eleitorais.
Muitos dos integrantes desse grupo são bolsonaristas de carteirinha e tinham em Romero Rodrigues a figura perfeita para defender a reeleição de Bolsonaro em 2022. Mas, não foi o que entendeu o PSD, partido de Romero, que assim como outros partidos, logo foi se pendendo, hora a lançar candidatura, ora a um apoio ao ex-presidente Lula. Essa tendência deixou Romero patinando, titubeando nas respostas a quem perguntava sobre seu posicionamento em 2022, não sendo taxativo quanto um apoio ao PT. Nas entrevistas, respostas sem um posicionamento fechado e isso incomodou. “Se tiver um partido de esquerda que manifeste apoio a uma pretensão nossa, eu vou rejeitar? Eu aceitarei na hora”, disse em entrevista.
Depois disso, o PSDB que também integra esse grupo, afirmou que vai apresentar um nome para quem deseja uma ‘terceira via’, trazendo os nomes como os governadores Eduardo Leite e João Dória e abrindo a fase da oposição declarada a Bolsonaro. Outro incômodo.
Ainda antes de tudo isso, já foi possível ver o deputado Walber Virgulino questionando a posição de Romero mediante a liderança dessa oposição. “Quando ele diz que é candidato ao governo, mas não se comporta como candidato, está prejudicando não só a sua candidatura, mas todos os oposicionistas. Estamos prestes a entregar o governo a João Azevêdo por ‘WO’ porque Romero não se decide”, enfatizou Virgulino.
O deputado federal Cabo Gilberto (PSL) ficou tão impaciente, que inclusive já anda falando em entrevistas que a Paraíba merece um nome como o dele para governo.
A oposição segue sem alinhar um discurso sobre as fraquezas do governo e as necessidades do estado e definir, se vai em busca: Brasília ou Paraíba? Enquanto não decidem, João Azevêdo segue a corrida quase intocável. Pode terminar sendo um W.O. como já prevê Virgulino. É quase isso mesmo.
Outro que atacou Romero foi Nilvan Ferreira (PTB) que disse, sem citar Romero, que não faz “acordo com todo mundo” para se eleger. “Eu não subo em palanque onde esteja a esquerda e o PT. Acho que a gente não pode vender a alma ao ‘diabo’ para se eleger, não faço acordo com todo mundo para me eleger”, enfatizou.
Parte da imprensa, atenta, tenta jogar no colo do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) a representatividade da disputa. Isso se deve ao fato de que, de todos os componentes do chamado palanque de oposição, o parlamentar tem sido o único a demonstrar um discurso reto e com foco nas fraquezas do governo estadual. Sendo bem mais enfático até do que Romero. Alguns alegam que isso acontece porque o ataque não é perfil do ex-prefeito de Campina Grande. Só que pra marcar o gol é necessário atacar em direção a ele.
O pré-candidato tem agora uns dias para descansar a mente de tanta pressão. Romero Rodrigues cancelou a agenda de pré-campanha e se afastou dos compromissos políticos para se submeter a uma cirurgia. Nas redes sociais, ele contou que sofreu um acidente durante um jogo de futebol, há algumas semanas. O jogo para ele vai dar uma pausa, mas no campo da política a bola não para.