E o centro, hein?
Esqueça o Coelhinho da Páscoa ou o Papai Noel. A nova figura lendária no imaginário brasileiro é o chamado centro político. De maneira desavergonhada e sem nenhum pudor em desrespeitar a inteligência alheia, figuras da política e da imprensa fazem uma esdrúxula equivalência entre Lula e Bolsonaro. E, bingo! A solução seria um centro sensato, distante dos extremos.
A direita passa a se vestir de centro fazendo de conta que a esquerda, que já governou esse país por 13 anos, é a extrema-esquerda! Esta seria, com sinais trocados, a mesma coisa que extrema-direita, que eles ajudaram a eleger. De forma marota, esquecem de contar que defendem a mesma política econômica do bolsonarismo. Entre o tal centro e Bolsonaro só há uma pequena divisória: aquela agenda neofascista, autoritária e ignorante que serve para manter mobilizados alguns pitbulls com os quais a direita “limpinha e cheirosa”, que gosta de TV por assinatura e palavras proparoxítonas, não quer se misturar.
Na vida real, importa mais o que se faz do que o que se diz. É por isso que a frente ampla não aconteceu porque, por mais que setores da esquerda esperassem (e ainda esperam), não existe uma direita democrática procurando por isso. Como o lobo em pele de cordeiro, esse centro é na verdade aquela direita neoliberal que não reconheceu o resultado das eleições de 2014, que inviabilizou o governo Dilma em 2015, que deu golpe parlamentar em 2016, que foi base de sustentação do governo Temer até 2018 e que perdeu o espaço que ocupava para o bolsonarismo, que julgavam sua linha auxiliar.
Antes, quando os dois polos eram PSDB x PT, a polarização era sinal de vitalidade da democracia brasileira. Hoje como o PSDB, DEM, MDB não sentam à mesa, a polarização é um baita problema. Para piorar, com o nome de Lula de volta à arena, o PDT tende a se juntar a este dileto bloco para disputar os mesmos espaços. E lembrem-se, fundamental na política é o programa!
Texto: David Soares – Extraído do @leitura_política