Opinião

Romero Rodrigues: passe livre com o presidente e 2022 na cabeça

Na política nem tudo o que reluz é ouro e muito do que se diz, não se escreve. Mas Romero Rodrigues (PSD), ex-prefeito de Campina Grande, seguiu na contramão. Anunciou, já no fim do mandato em 2020, que seria candidato ao governo da Paraíba em 2022. Mais do que uma meta, Romero parece ter um propósito. Tanto que foi bater em Brasília. Em janeiro, já destronado, conseguiu uma audiência especial com Jair Bolsonaro em meio ao turbulento processo de eleição no Congresso Nacional e às críticas pela inação do governo federal no combate à pandemia.

Romero nunca escondeu a simpatia pelo presidente. Trabalhou pra ele nas eleições de 2018. Pediu voto e recebeu Bolsonaro pessoalmente durante a campanha em visita à Paraíba. A afinidade existe dos dois lados. Mas só isso bastaria para o passe livre de Romero? Provalvelmente, não. São os interesses recíprocos que contam. O ex-prefeito de Campina Grande depende de um padrinho que o torne capaz de polarizar a disputa com João Azevêdo (Cidadania), natural candidato à reeleição. Já Bolsonaro precisa de candidatos aos governos estaduais no Nordeste para impulsionar a própria candidatura na única região do país que não lhe deu vitória em 2018. Esse também nunca escondeu seu projeto de reeleição. O capitão está arregimentando seus soltados. Romero se dispôs ao papel.

Mas Romero não é qualquer soldado. Deixou a prefeitura com mais de 80% de aprovação segundo diferentes pesquisas e fez um sucessor em primeiro turno. Pra ganhar uma eleição estadual precisa mais que isso, é verdade. Mas esse tipo de coisa não se despreza, ainda mais quando se tem um presidente como cabo eleitoral. Outras forças devem surgir até lá. Bolsonaro pode sofrer desgaste que mine suas chances de reeleição. A radicalização que o levou à presidência pode ceder ao cansaço. Poder, pode tudo, mas, a preço de hoje, Romero,  tá no páreo e com pavimentação adiantada rumo ao projeto governador.