Paraíba

Professor universitário usa rede social para atacar mulheres

Um professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em Campina Grande (PB), causou polêmica ao fazer comentário machista nas redes sociais. A colocação do professor causou reações de grupos feministas e de instituições que defendem a igualdade de gênero. A UFCG, em nota, repudiou o posicionamento do professor e disse que vai apurar o caso. Ele, por sua vez, restringiu o perfil nas redes. O professor não foi localizado nem se retratou sobre as palavras até o momento.

O discurso do professor Francisco das Chagas Fernandes Guerra Do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande, teria sido publicado no Facebook, com comentários contendo xingamentos e palavras de baixo calão contra mulheres.

O texto falava: “Querem fazer os trabalhos mais pesados, perigosos e insalubres? Homi ou muié? Quem vai construir pontes, arranha-céus, estradas, represas, cultivar plantações, explorar minas subterrâneas, poços artesianos, o carai cacete?”, questionou em um posto no Facebook. E continuou: “Então vai, porra, assume essa merda aí. Sustenta a casa, porra!!! Fu fico cuidando dos meninos em casa, fazendo comida e te esperando de p*mb*a dura a noite. Topas?”, escreveu o professor.

A assessoria de Imprensa da Universidade Federal de Campina Grande confirmou que o professor que fez a citação faz parte dos quadros da instituição. E emitiu uma nota repudiando a atitude do docente, informando que deve instaurar procedimento administrativo para apurara o fato.

Nota-Reitoria

A Universidade Federal de Campina Grande é plural em todos os sentidos e, por isso mesmo, convive com as mais variadas posturas políticas, ideológicas, culturais e religiosas, esperando de toda a sua comunidade acadêmica uma harmoniosa convivência democrática em que as diferenças são respeitadas.
O respeito às diferenças não dá lugar a nenhuma forma de manifestação racista, sexista ou alguma forma outra de apontamento preconceituoso contra qualquer coletivo.

Desta forma, a Reitoria da Universidade Federal de Campina Grande vem a público, manifestar o seu repúdio a qualquer expressão de preconceito e de ataque aos inegociáveis princípios dos direitos humanos, notadamente àquelas recentes manifestações, registradas em rede social, por docente da Instituição, que se mostrou desrespeitoso na convivência com as diferenças.

A Reitoria, zelando os princípios e valores que embasam a Universidade Federal de Campina Grande, não apenas repudia o ato desrespeitoso como também manifesta solidariedade às pessoas e aos coletivos que foram desrespeitados pelas mencionadas manifestações.

E por entender que, mesmo no âmbito da vida privada, a liberdade de expressão não pode ferir a dignidade alheia, e considerando a legislação a que está submetido qualquer servidor público, uma comissão de sindicância foi tempestivamente constituída, para apurar o caso, que será matéria de análise também pela Comissão de Ética da Universidade Federal de Campina Grande.

A postagem e recebeu repúdio de diversos movimentos. A Assembleia Legislativa da Paraíba, através a Comissão de Direitos da Mulher e da Comissão Parlamentar de Inquérito do Feminicídio – CPI do Feminicídio, emitiu uma nota de repúdio contra as declarações do professor, classificando de misógino, machista e ignorante.

Nota ALPB

A Assembleia Legislativa da Paraíba, através da Comissão de Direitos da Mulher e da Comissão Parlamentar de Inquérito do Feminicídio – CPI do Feminicídio, vem a público repudiar o comentário misógino publicizado nas redes sociais pelo professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Francisco das Chagas Fernandes Guerra.

A luta pela emancipação da mulher é, hoje, objeto de discussão, estudos e ações em diversos espaços, inclusive nas universidades públicas, visando a mudança social e eliminação de todas as formas de opressão. Todavia, a manifestação do professor é reveladora ao destacar a ignorância sobre a questão de gênero. É mister destacar que este apedeutismo, associado a uma cultura patriarcal, reproduz a misoginia em todos os setores da sociedade, independente do grau de escolaridade, renda ou idade.

O comentário repudiado revela, além do obscurantismo histórico e político forjado pelo patriarcado, a objetificação da mulher e a violência preponderante nas mentes dos que ainda não conseguiram se emancipar, nem minimamente, do machismo. Ademais, desconsidera o trabalho como um fazer coletivo, na atividade doméstica e não doméstica, remunerada e não remunerada.

Com a luta feminista, a divisão social do trabalho vem passando por transformações significativas. Hoje estamos presentes nas mais diversas áreas, ocupando cargos de chefia, de liderança política, entre outros, seja a labuta intelectual ou braçal.

Nós, como representantes no Legislativo Estadual da batalha pela eliminação de qualquer forma de discriminação contra a mulher, expressamos nossa total indignação e repressão à esta publicação. As palavras impertinentes, misóginas e vergonhosas proferidas pelo professor são de profunda desconsideração à dignidade das mulheres, ecoando um discurso que permite, sanciona e incentiva a violência doméstica, o feminicídio e todas as formas de abuso, psicológico ou físico, que insistem em diminuir a nossa existência e a nossa moral.

A nota foi assinada pela Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Feminicídio, Cida Ramos e da Presidente da Comissão de Direitos da Mulher, Camila Toscano.

A deputada Cida Ramos diz que a postura influencia negativamente à sociedade e não pode ser aceita. “Demonstra ignorância, agressividade e preconceito imenso. É um retrocesso do ponto de vista dos direitos humanos de da luta da mulher na sociedade. Está na contramão da realidade do mundo”, comentou Cida Ramos.

Na semana passada, um professor de uma faculdade de medicina de São Paulo usou uma máscara preta numa aula virtual para “ensinar” alunos como tratar pacientes pobres. O professor pediu desculpas, mas a faculdade abriu sindicância após várias reclamações de alunos.

Aqui na Paraíba, o professor da UFCG não se pronunciou sobre o texto e restringiu as redes sociais.