Faltando uma semana para o pleito eleitoral, cabe refletir sobre alguns fatos à luz do recente processo político brasileiro. Mesmo compreendendo que cada eleição tem uma dinâmica própria, com particularidades que resultam dos embates sociais no cenário político, importa destacar algumas características que têm se repetido.

O Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980, sempre esteve em todas as disputas presidenciais. Ora obtendo o segundo lugar (1989, 1994, 1998, 2018), ora ficando em primeiro (2002, 2006, 2010, 2014). O que demonstra sua força e capilaridade em todo o país, sempre sob o comando de Lula.

Para além de ódios ou paixões, Lula tem se cristalizado no imaginário social como o maior líder popular da história do Brasil. Em consequência da sua liderança, todas as eleições presidenciais giraram em torno dele, seja quando foi candidato, seja com alguém do PT apoiado por ele: Dilma Rousseff e Fernando Haddad.

Outro fator a ser ressaltado é que, desde a eleição presidencial de 1989, todos os candidatos que ganharam no primeiro turno também ganharam no segundo turno. Na disputa de 1994, FHC foi eleito no primeiro turno e, em 1998, ele foi reeleito também no primeiro turno.

Neste ano, Lula volta a enfrentar um cenário mais difícil. Pela segunda vez, ele disputa o cargo com um presidente candidato a reeleição, como foi em 1994, quando perdeu para FHC. Bolsonaro, além de contar com uma poderosa máquina pública que injetou bilhões de reais na economia, entregou-se de corpo e alma ao poderoso Centrão e usa e abusa de mentiras (fake news) para achincalhar seu opositor e assim manter-se no poder a qualquer custo.

Todas as pesquisas indicam que Lula está na frente, mas com uma diferença de poucos pontos. Elas também demonstram que os setores mais pobres da população estão com Lula, enquanto os mais ricos votam maciçamente em Bolsonaro. Num país com tamanha desigualdade social, a escolha do próximo presidente passa, inegavelmente, pela decisão individual sobre em qual lado cada um quer permanecer na história.