Portugal: a direita avança
Sob o lema “Limpar Portugal”, o partido Chega pretende alcançar o poder executivo na eleição parlamentar que ocorrerá em 10 de março, quando os portugueses comparecerão às urnas para eleger todos os deputados da Assembleia Nacional.
Como o sistema político é semipresidencialista e unicameral, o partido que obtiver maioria parlamentar tem a possibilidade de indicar o primeiro-ministro. Sendo assim, o Chega deseja fazer um grande número de representantes e ter peso na composição do novo governo. De acordo com André Ventura, presidente do Chega que foi reeleito com 98,8% dos votos, “o Chega está preparado para exercer o poder.”
O Chega é recente na política portuguesa, mas está numa ascensão meteórica. De ideologia de extrema direita, foi criado em 2019 e elegeu, naquele ano, apenas um deputado, o próprio André Ventura. Atualmente o Chega conta com 12 deputados, do total de 230 parlamentares. São poucos, mas fazem muito barulho.
Advogado e comentarista desportivo, Ventura vem ampliando seu prestígio ao incorporar um discurso populista. Com uma retórica anticorrupão, posicionando-se contrário ao que chama de “ideologia de gênero” e defendendo controle de entrada de imigrantes, ele foi adquirindo apoio crescente, principalmente entre homens jovens, com baixa escolaridade, religiosos conservadores e grupos radicais de direita.
Mesmo não contando com o apoio dos meios de comunicação tradicionais (grandes empresas de TV), o Chega tem atraído importantes segmentos da sociedade, principalmente aqueles que sofrem com a precarização do sistema de saúde, falta de empregos e aumento exponencial dos aluguéis. A taxa de desemprego no país tem aumentado nos últimos 6 meses.
Fazendo críticas aos partidos políticos tradicionais de direita e de esquerda, os integrantes do Chega se apresentam aos cidadãos portugueses como uma real alternativa política. Mesmo com propostas pouco consistentes para solucionar os profundos problemas que afligem Portugal, o Chega tem angariado, a cada dia, mais adeptos.
Em 2024, ano em que a Revolução dos Cravos comemora 50 anos, movimento político e militar que pôs fim na ditadura salazarista, a extrema direita portuguesa encontrou em André Ventura um porta-voz que ameaça a hegemonia política dos socialistas, desgastados por escândalos de corrupção, falta de empregos e longo período no poder.