Chorem as carpideiras: a economia cresceu
Apesar de todas as dificuldades a economia do país está finalmente reagindo. Todo o derrame de recursos para estimular o consumo, afinal, funcionou, contrariando os prognósticos das velhas carpideiras do velório anunciado. O IBGE divulgou as estatísticas. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a riqueza produzida no país, no primeiro trimestre, cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior. É o maior crescimento em um trimestre nos últimos 15 anos. Este dado, se anualizado, corresponderia a um crescimento de 4%. Toda a cantilena do caos que a vitória de Lula representaria foi inútil. Berravam por todos os lados: será um “deus nos acuda”. O Brasil vai virar uma Venezuela, uma Argentina, uma Nicarágua, uma Cuba. A bolsa vai cair, o dólar vai estourar, os capitais estrangeiros vão fugir desesperados, o agronegócio vai falir, o país vai desaparecer. Salve-se quem puder!
Nada disto ocorreu. A economia reagiu e começou a crescer. O esforço da política econômica distributiva deu resultado. Até mesmo as loucuras irresponsáveis do Governo anterior colaboraram, apesar de rebentarem o orçamento do país e deixarem uma herança, agora sim, “maldita”. A situação era tão caótica que até mesmo a oposição concordou em aprovar as medidas de emergência para permitir a governabilidade.
Lutando para arrumar a casa, restabelecer o funcionamento do aparelho do estado, quase desmontado pelos desmandos anteriores, o governo ainda conseguiu tomar decisões que criaram estímulos à economia como as alterações do bolsa família, o aumento do salário-mínimo, e as mudança das faixas do imposto de renda. E continua a luta agora implementando o “Desenrola Brasil” que pretende recuperar, para o consumo, 70 milhões de pessoas. Certo que o clima e o mercado internacional contribuíram, pois o agro foi o grande responsável pelo crescimento, colaborando com 21,6% para o resultado total. A indústria decresceu apenas 0,1% e os serviços cresceram 0,6%.
O ponto mais lamentável foi a queda de 3,4% nos investimentos. Agora correm as bruxas carpideiras para reestimar seus prognósticos torcendo em coro para que haja uma queda na economia, que os salve. O maestro continua sendo Roberto Campos Neto, o Bob Fields presidente do Banco Central que, com sua taxa de juros de 13,75%, rema furiosamente em sentido contrário querendo derrubar os salários, a economia e aumentar o desemprego. E tudo com o pretexto de combater a inflação de acordo com a receita da edeologia econômica exposta na bíblia que ele segue como um fanático, e é muito conveniente para executar os planos do capital financeiro.
Força Bob! Até quando?
No âmbito mundial já falamos que a situação se caracteriza por uma “polycrisis” e esta continua a se agravar. A globalização ainda está em desagregação e o rearranjo das cadeias produtivas enfrenta o dilema de escolher entre “nearshoring”, “friendshoring” e “re-shoring” etc. A questão divide-se entre a economia, a política, a geoestratégia, a desagregação das alianças e formação de novas parcerias. A nível da guerra tudo continua com os generais da OTAN, cada vez mais histéricos e dispostos a lutar até o último ucraniano e, possivelmente, depois destes, até o último mercenário. Na Ucrânia, convencidos de que não conseguirão derrotar a Rússia, parte-se para a sabotagem, os atos de terrorismo como a explosão dos gasodutos Nord-stream, da represa que inundou parte do sudeste do país, o envio de misseis ou drones sobre o território da Rússia, ou mesmo pequenas incursões nas regiões de fronteira. Nesta área só podemos esperar o agravamento.
Por outro lado, a proximidade entre Rússia e China se fortalece, bem como os BRICS, a colaboração sul-sul, com o avanço da influência chinesa nos países do pacífico e da América Latina. Com a ameaça de crise nas economias da União Europeia (UE) e dos EUA, a situação do chamado “mundo livre ocidental” não parece muito confortável o que torna os generais mais agressivos. O panorama internacional não deve ser muito favorável nos próximos tempos.
Para o atual governo, navegar neste mar revolto não é muito agradável. O presidente tem dispendido muitas energias tentando recuperar o espaço internacional que o país havia conquistado e vem obtendo algum sucesso, apesar de ter enfrentado difíceis situações. Todos os grandes querem empurrar o Brasil para os compromissos com a guerra. O governo encontrou uma saída fortalecendo a aproximação com Índia, China, África do Sul, Indonésia e outros que assumem uma posição de neutralidade.
O lado negativo é que enquanto gasta energias no exterior, as ratazanas internas saem dos esgotos para criar dificuldades aos projetos do governo. Já dissemos que a “oposição” não tem nenhuma proposta ou projeto alternativo. Sua única função é criar dificuldades, atrapalhar, criar ruídos, na tentativa de impedir o governo de governar, ajudados por alguns aliados e mesmo por membros do PT. Parece que parte da grande frente que ajudou a derrubar o Bolsonaro não se deu conta de que a situação hoje é diferente e que uma batalha maior está sendo travada. Os golpistas não estão totalmente derrotados. Cada investigação feita descobre mais sujeira debaixo do tapete e ainda há bolsominions que acreditam em alguma virada e seguem conspirando com a esperança de que os americanos mudem de estratégia, o que pode ocorrer.
A independência do Lula, no panorama externo, pode irritá-los, a ponto de promover esta virada. São atrevidas as posições, não só em relação à guerra, mas no campo econômico, com a tentativa de encontrar uma alternativa ao dólar e a criar canais de comércio internacional independentes.
É preciso paciência e ter clareza que o presidente só pode governar com a ajuda de um congresso que, além de reacionário, é liderado por uma matreira raposa velha e corrupta que não se cansa de insinuar ameaças.