Cadáver insepulto
O governo Bolsonaro (PL) acabou. Após o anúncio oficial da eleição, que indicou a vitória de Luíz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial, Bolsonaro mergulhou num mutismo vexatório. Ao contrário de dezenas de líderes mundiais que se apressaram para parabenizar o vencedor, o “mito” decidiu se omitir.
O silêncio de Bolsonaro foi a senha para que pipocasse por todo o país bloqueios de rodovias. Insatisfeitos com a derrota do seu líder, bolsonaristas antidemocráticos passaram a clamar por um golpe de Estado contra a democracia.
Durante 48 horas, Bolsonaro não fez qualquer declaração. Até as redes sociais, seu principal canal de comunicação com os apoiadores, ficaram mudas. Apesar de ter usado e abusado da máquina pública como nenhum outro presidente em pleitos anteriores, o “capitão do povo” não conseguiu se reeleger. Um duro revés para um político que nunca havia perdido uma eleição.
Finalmente, na véspera do Dia de Finados, Bolsonaro decidiu se pronunciar. Numa nota pífia, mal escrita e bem ao estilo ambíguo e agressivo do bolsonarismo, ele não parabenizou Lula, agradeceu aos 58 milhões de votos que recebeu e elogiou seus partidários radicais que estavam interditando as estradas, atrapalhando a vida de milhões de brasileiros e prejudicando a economia do país.
Com sua atitude deselegante e antidemocrática, tomada na noite do dia 1 de novembro, Bolsonaro antecipou o fim do seu governo em 2 meses. Ele saiu muito menor com seu gesto. Transformou-se em um cadáver político insepulto que já começa a feder e incomodar seus aliados mais pragmáticos.